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Praticantes de voo a vela misturam esporte e ciência

Pilotos precisam estudar a meteorologia e manusear aparelhos eletrônicos

Ao contrário de grandes centros, que têm tráfego aéreo intenso, interior de SP tem céu livre para os planadores

Edson Silva/Folhapress
Praticante de voo a vela em planador em Bebedouro
Praticante de voo a vela em planador em Bebedouro

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Urubu no céu é sinal de problema para qualquer aeroporto. Mas a presença dessa ave é um bom indicador para praticantes de voo a vela, que pilotam um planador, aeronave sem motor.

Ainda desconhecido no Brasil, apesar de existente desde os anos 30, o voo a vela exige do praticante não apenas o gosto pelo esporte, mas também uma queda pela ciência.

Assim como o urubu, o planador, após ser rebocado até o céu, consegue voar usando as térmicas, correntes de ar ascendentes nas nuvens.

A presença da ave indica que há térmicas no céu. Elas funcionam como um elevador: empurram para o alto a aeronave, que desce planando até achar uma nova térmica e, assim, prolongar o voo.

Há 40 aeroclubes no país com voo a vela, sendo um em Bebedouro, na região de Ribeirão. É para lá que o economista José Eduardo Pontes, 67, se desloca de carro de São Paulo aos finais de semana para a prática do esporte. Ele voa desde os 15 anos.

"É algo totalmente único. Você está no Brasil e, de repente, olha para baixo e vê uma paisagem maravilhosa que nem sabia que existia."

Aqui reside uma outra característica que afasta o esporte do olhar das pessoas: grandes centros urbanos deixaram de ter voo a vela por causa do intenso tráfego aéreo, caso de São Paulo e até mesmo de cidades como Ribeirão e Campinas.

Para Henrique Navarro, campeão brasileiro de 2008, a modalidade dá ao piloto um senso de autocrítica. "A cada segundo tenho de ler as nuvens, o terreno, identificando onde há térmicas. No planador, o motor somos nós."

Apesar das décadas, há hoje apenas 600 praticantes de voo a vela no país, de acordo com a FBVV (Federação Brasileira de Voo a Vela), que busca difundir a modalidade.

O maior número de praticantes no Brasil se concentra em São Paulo: são 250.

CIÊNCIA

O voo a vela requer do piloto ares de cientista: a disciplina de estudar a meteorologia e de manusear equipamentos eletrônicos.

Se, no passado, um piloto de planador só dependia de um mapa e uma bússola, hoje conta com a ajuda de computador, GPS e sensores, entre outros equipamentos.

O principal, porém, é a observação do piloto que, sem motor, depende totalmente da "leitura" da natureza.

Assim, competidores no Brasil conseguem atingir até 300 km/h e voar por até sete horas, percorrendo 750 km, mais que o trecho entre São Paulo e Florianópolis (SC).

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