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Ribeirão prestigia o teatro, diz ator da peça 'Macbeth'

Obra clássica de William Shakespeare será encenada no Theatro Pedro 2º

Montagem tem o ator Marcello Antony no personagem principal e Cláudio Fontana no papel de Lady Macbeth

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

A maldade de um nobre na sanha de tornar-se rei, instigado por sua mulher, ganha espaço no Theatro Pedro 2º no próximo final de semana, em uma das montagens teatrais mais elogiadas do ano.

Nesta montagem de Macbeth, o texto mais sombrio do dramaturgo inglês William Shakespeare, o diretor Gabriel Villela adotou um elenco apenas de homens, entre eles o ator Marcello Antony, com o personagem-título.

Lady Macbeth é encenada por Cláudio Fontana, que elogia Ribeirão como uma das poucas cidades do interior que prestigiam o teatro. Veja a seguir os principais trechos da entrevista de Fontana.

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Folha - Por que a decisão de levar a peça ao interior?
Cláudio Fontana - Além de ser ator, sou também o produtor do espetáculo. E sempre que planejo uma temporada, escolho praças onde o teatro é sempre bem recebido. E Ribeirão é uma delas, prestigia o teatro. Isso é difícil no interior. Já trouxemos para Ribeirão uma tragédia grega e o público lotou o teatro. Se gostam de tragédia grega, vão gostar de Shakespeare.

Os personagens da peça são todos feitos por homens. Como é para você interpretar um personagem feminino e de Shakespeare?
Um grande desafio, porque Lady Macbeth é um personagem emblemático da dramaturgia universal. É um personagem forte porque ela simboliza o mal, mesmo. É através da persuasão dessa mulher que Macbeth começa a sua trajetória de assassinatos e de ambição rumo à coroa. O desafio é de interpretar uma mulher sem dar conotação de uma mulher. O Gabriel [Villela] não pediu que eu interpretasse uma mulher com voz, corpo de mulher. Não faço nenhuma voz especial, trejeito. E uso uma maquiagem de gueixa japonesa, que tira um pouco as minhas feições masculinas, para ficar uma coisa neutra. Para personificar a maldade mesmo.

Inclusive o que o diretor pediu foi esse distanciamento de todos os atores com os seus personagens.
Esse distanciamento é uma técnica brechtiana [de Bertold Brecht] do teatro alemão. E ele facilita na verdade a narrativa da história. Independentemente de sermos personagens, somos atores contando o que se passa com o personagem. A gente narra muito a história. E isso acaba facilitando muito o entendimento do público.

A peça propõe um narrador, o que não tem no texto original. É para ser mais didático?
Contribui um pouco para simbolizar a leitura que o Gabriel propõe. Mas, além disso, também tem uma questão de que o narrador é um coringa, às vezes interfere como um personagem a mais. É um grande texto, com um elenco maduro. É o melhor momento da carreira do Marcello no teatro, ele faz brilhantemente Macbeth. É a oportunidade de ver uma grande montagem.

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