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Entrevistas 'Folha Ribeirão' - Mauro Inácio (PSTU)

Vamos expropriar terrenos para fazer reforma urbana

EM ENTREVISTA QUE ABRE SÉRIE SOBRE ELEIÇÕES MUNICIPAIS, PROFESSOR DEFENDE AINDA A ESTATIZAÇÃO DO TRANSPORTE

Edson Silva/Folhapress
O professor Mauro Inácio, no escritório do partido, na região central de Ribeirão
O professor Mauro Inácio, no escritório do partido, na região central de Ribeirão

LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO

Com propostas que vão da expropriação de imóveis à estatização do serviço de transporte público, o professor Mauro Inácio (PSTU) disputa sua segunda eleição municipal em Ribeirão Preto.

Ele diz que seu partido luta contra a estrutura atual de "governo para os ricos".

A entrevista com ele abre uma série com os candidatos a prefeito de Ribeirão. Leia abaixo os principais trechos.

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Folha - Qual será sua prioridade na Prefeitura de Ribeirão?

Mauro Inácio - Queria fazer uma introdução para que fique bem claro que nossa candidatura responde a uma ansiedade da população. Todos os demais candidatos têm um programa para garantir o poder e a economia na mão de poucos, que são os ricos. Viemos mudar essa lógica. O PSTU é um partido de esquerda, socialista.

Qual seria a prioridade inicial?

Defender aquilo que, para nós, é direito, vital para o trabalhador. Seguindo essa ordem: educação, saúde e transporte. Existem, obviamente, outras questões importantes, mas vamos especificar mais essas três.

O maior problema do momento na saúde, que assim que assumirmos a prefeitura vamos acabar, é a terceirização. Porque ela leva à precarização do trabalho. A qualidade do serviço oferecido é reduzida. Essa terceirização está centralizada na mão de uma fundação criada recentemente nesse último governo, a Fundação Santa Lydia, que contrata os trabalhadores da saúde a salários baixos. Os trabalhadores não têm condições hoje de prestar um bom trabalho.

Teria que ter uma contratação maior agora [de trabalhadores na saúde] para atender a população. [Por] isso, [queremos criar] um hospital municipal.

E o Santa Lydia, fecha?

Vamos fazer ali uma auditoria, um levantamento da situação. Não significa que tenha que fechar o hospital Santa Lydia.

O sr. falou em contratações, novo hospital, mais UBDSs e UBSs. E dinheiro para isso?

Em todas as áreas que o PSTU vê como direitos temos um programa para dirigir a cidade através de conselhos populares. Os trabalhadores da saúde teriam seus representantes, que chamamos de conselheiros. Esse conselho tem poder para levantar gastos e direcionar verbas.

Tanto o prefeito quanto o poder Legislativo estariam no nosso governo submetidos aos conselhos, eles de fato vão dirigir todo o recurso.

Como fazer a Câmara, um poder independente, concordar com esse vínculo aos conselhos populares?

Que fique bem claro, não defendemos o fim do poder Legislativo. Defendemos um Legislativo no qual o vereador tenha mandato revogado a qualquer momento.

A população estaria representada nos conselhos populares. Isso significa a democracia, um governo democrático de fato, não a democracia dos ricos que garante os poderes Legislativo e Judiciário para dividir o dinheiro da população.

Na educação, o senhor diz que a meta é eliminar o deficit de vagas em toda a rede. Como?

Nós fizemos um levantamento e chegamos a um número de 13 mil a 15 mil crianças sem creches. É muita creche a ser construída. Se é prioridade, qualquer verba, qualquer dinheiro que saia dos cofres públicos tem que ser para construir creches.

Seu plano fala em estatização do transporte coletivo urbano. Como isso vai ser feito?

O PSTU defende o transporte como um direito do trabalhador. Se é um direito, tem que ser garantido pelo poder público. Para isso, tem que estatizar.

Mesmo que para isso tenha que pagar algum tipo de indenização às empresas?

Não tem que ser indenizado. Que fique bem claro. Há décadas essa máfia do transporte fatura alto aqui em Ribeirão Preto. São mais de R$ 170 milhões que eles levam.

Em suas propostas, o sr. fala em expropriação de latifúndios urbanos.

Quando a gente fala em expropriação de latifúndio urbano, é nos vazios urbanos. Esses vazios que a gente trabalha são aquelas regiões que poderiam ser aproveitadas para construção, mas que estão nas mãos dos grandes especuladores.

São as grandes imobiliárias que têm esses terrenos em mãos esperando valorizar. Quando a gente fala em expropriar, é expropriar mesmo, é chegar lá, pegar o documento, dizer: "isso aqui já não é seu mais, porque aqui eu vou fazer uma reforma urbana". É pegar aqueles terrenos, lotear para as pessoas poderem pagar e construir suas casas.

O sr. diz que o PSTU quer chegar ao governo com apoio amplo dos trabalhadores. Mas na eleição passada teve em torno de 2.000 votos. Como?

Continuar dialogando e falando a verdade para os trabalhadores. Nós acreditamos que os trabalhadores vão entender as propostas do PSTU porque a cidade hoje não tem mais como ser dirigida para os ricos.

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folha.com/no1146908

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