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Entrevistas 'Folha Ribeirão' João Gandini (PT)

Problema da Prefeitura de Ribeirão é de gestão

Terceiro entrevistado da série sobre eleição, petista elogia Palocci e diz que pode construir 15 mil casas em mandato

LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO
LUÍS EBLAK
EDITOR DA “FOLHA RIBEIRÃO”

Após quase 30 anos de carreira na magistratura, o juiz aposentado João Gandini (PT) disputa, como candidato a prefeito de Ribeirão, sua primeira eleição.

Criador do programa Moradia Legal, com foco na habitação, diz que a maioria dos problemas de Ribeirão está ligada a falhas na gestão.

Em entrevista da série da Folha com os candidatos ao Executivo, Gandini elogia o ex-prefeito Palocci. Leia os principais trechos.

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Folha - O sr. fala em seu plano de governo em fazer uma mudança na estrutura do sistema de saúde, que é regrado pelo SUS. O que seria?

João Gandini - Na verdade, é uma mudança mais de mentalidade do que do dia a dia. O Brasil gasta muito pouco com atenção básica e muito com a atenção curativa. O grande trabalho é evitar que fique doente com prevenção, que é o melhor remédio. A solução não é simplesmente colocar mais UPAs. Se ficar só pensando nesse aspecto de marketing, de fazer mais postos, não vai resolver.

O número de profissionais que tem hoje, de médicos principalmente, é suficiente?

Eu acho que é. Temos 703 médicos, 3.911 funcionários e R$ 361 milhões no orçamento. Os médicos acham que não falta médico, não faltam profissionais nem dinheiro. O que falta é gestão.

Mas há um problema de algumas unidades que têm uma quantidade menor de médicos. Os médicos não querem estar em alguns desses lugares. Como gerenciar?

Tem que cuidar da motivação do funcionário, um local limpo, acolhimento também para o funcionário, não só para o usuário, e garantir a segurança. Se você tem estacionamento, segurança, local de trabalho adequado, o médico não se recusa a ir.

O plano de governo do sr. fala em abrir creches à noite, mas é um problema que ainda não foi resolvido nem de dia. De onde vai sair dinheiro?

Hoje, há 3.645 vagas em deficit. A fonte é o Ministério da Educação. Fez creches [na atual gestão]? Fez. Mas fez de quatro e cinco anos, que é mais barato. A creche à noite, o nome até está errado. Na verdade é um dormitório para crianças. A mãe que trabalha no HC à noite, num bar, restaurante ou hotel não tem onde deixar o filho.

A educação em tempo integral, com o que tem de estrutura hoje, é possível fazer?

É uma meta a ser perseguida. Por que nós tiramos as crianças do trabalho? Para por na escola. Só que não colocamos na escola. Então, o garoto não pode trabalhar, mas ele pode traficar. Outro dia fui à favela do Simioni à noite, conversar com as famílias, chego lá, as pessoas me conhecem. Sabem que eu não sou da polícia, não tem problema. Eu vi os caras vendendo cinco quilos de crack. Era uma coisa assim, o cara chegava com o saquinho, dois minutos depois já voltava e pegava outro.

O sr. chamou a polícia?

Claro que não. Se chamasse, eu morria. Fui lá, vi, conversei com as pessoas e fui embora. Não sou polícia. Fui conversar com pessoas que estão passando fome. Tenho um projeto para a favela.

O sr. fala em criar uma Secretaria da Cidade e seu plano prevê um órgão para a juventude. A prefeitura já tem cerca de 30 órgãos entre secretarias, autarquias. Não é suficiente?

Concordo, o conceito que você discute está correto. Pela primeira vez alguém discute conceito na área da administração. Não vou criar mais secretarias. Ao contrário, eu vou diminuir a estrutura. Só que várias dessas estruturas vão estar dependuradas em um guarda-chuva chamado Secretaria da Cidade.

Na habitação, o sr. fala num deficit de 30 mil moradias. Para construir, de onde virá o dinheiro?

Falar que vou fazer 30 mil moradias num governo, pode me internar. Não sei qual é o deficit, se for em torno de 15 mil acho que é possível fazer, se for 30 mil vão dois governos. Mas tem que criar a política pública agora.

O sr. citou o governo Palocci. Como petista, o sr. conversou recentemente com o ex-ministro?

Não tenho um contato estreito com ele, a gente fala de vez em quando. Realmente ele não quer participar da campanha e não vai participar. A mãe dele está comigo, certamente ele está sendo informado pelo irmão, pela cunhada, pela família.

Se ele decidisse entrar na campanha, o sr. gravaria uma propaganda com ele, de apoio?

Não tenho absolutamente nada contra o ex-ministro, foi o melhor prefeito de Ribeirão ao lado de dois ou três [...] O Nogueira, pai do Nogueirinha, tenho informações que foi um bom prefeito.

Seriam o Palocci e o Nogueira?

Ouço dizer que os dois foram os melhores prefeitos. Agora, com certeza, o Palocci foi um governo fantástico, o primeiro mandato dele foi um exemplo para o país.

O sr. disse na TV que vai abrir mão do salário de prefeito. Não pode soar demagógico?

Como vai soar não me importa. Não receberei salário de prefeito. Política não devia ser profissão, deveria ser sacerdócio.

E qual é o rendimento do sr. como juiz aposentado?

Eu recebo R$ 17 mil, mais ou menos, por mês.

Como o sr. avalia o julgamento do mensalão e como vê as acusações contra os petistas?

Em qualquer partido você tem algum tipo de problema, pessoas que distorcem as suas funções, deve ter no PT também. Se tiver, eu quero que saia, que seja expulso.

Leia a íntegra da entrevista
folha.com/no1150410

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