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PROBLEMAS DA CIDADE

Frota dobra em 10 anos, e caos se acentua no trânsito

Especialistas veem ausência histórica de investimentos em Ribeirão Preto

Estacionamentos caros, falta de vagas e congestionamentos são os reflexos do setor; prefeitura não comenta

JOÃO ALBERTO PEDRINI
DE RIBEIRÃO PRETO

A falta de planejamento e a ausência de estudos que façam um diagnóstico eficiente com previsão de investimentos para melhorar o sistema viário de Ribeirão são, na opinião de especialistas e usuários, os maiores problema do trânsito na cidade.

A inexistência histórica de projetos para garantir a fluidez de veículos em ruas e avenidas dificulta a mobilidade e causa problemas como a falta de vagas no centro -e o alto custo de estacionamentos privados- e congestionamentos em horários de pico.

O problema é agravado com a frota local, que cresceu 96,19% nos últimos dez anos, segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) -passou de 224.190 veículos, em 2002, para 439.833, em julho deste ano.

Comparando com cidades médias do Estado, é líder na relação habitante/carro, com um para cada 1,39 morador, à frente de Santo André (1,48) e São Bernardo do Campo (1,55). Procurada, a prefeitura não comentou.

Especialista em direito de trânsito, Adhemar Gomes Padrão Neto, presidente da ABSV (Associação Brasileira para a Segurança Veicular), afirmou que, historicamente, o problema é de gestão.

"Não há gerenciamento eficiente do trânsito porque, geralmente, nomeia-se um gestor que não tem conhecimento na área, que não é expert. As nomeações são políticas e isso prejudica."

Ele diz que, ao longo de décadas, nenhuma medida de impacto foi tomada para favorecer o trânsito de Ribeirão e que, para compensar, é preciso um grande estudo para identificar e sanar os problemas.

Três dos seis candidatos à Prefeitura de Ribeirão propõem a criação de corredores exclusivos para ônibus, enquanto dois pregam o surgimento do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) como solução para o trânsito local.

O professor Jorge de Azevedo Pires, 82, ex-diretor do Comur (Conselho Municipal de Urbanismo), diz ter feito, desde 1991, propostas para o setor, sem ser ouvido. "O poder público não tem interesse em ouvir o cidadão."

Para ele, a verticalização de estacionamentos na região central ajudaria a reduzir o impacto da falta de vagas.

Reportagem publicada pela Folha em abril apontou que o valor cobrado por hora para estacionar no centro supera até os preços praticados na capital e em shoppings. Em junho, o jornal mostrou que o motorista já pagava até R$ 320 por mês por vaga.

O congestionamento nas principais ruas e avenidas em horários de pico também é outra dificuldade, agravada em épocas de chuva.

"As vias são as mesmas de décadas, mas a frota só sobe. Como se resolve? Com investimentos e muito planejamento, o que não ocorre em Ribeirão", diz Padrão Neto.

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