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Crise deixa mil fornecedores de usinas sem pagamento
Dez usinas pediram prazo extra para pagar a cana-de-açúcar colhida no fim da safra
Usina está renegociando pagamentos para março; fornecedores se dizem preocupados por causa dos custos da próxima safra
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Pelo menos dez usinas da região de Ribeirão Preto pediram
prazo extra para o pagamento
da cana-de-açúcar colhida no
final da última safra, por causa
da crise econômica.
A medida atinge cerca de mil
produtores, de acordo com Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores da Região Oeste do Estado de São Paulo), entidade
que congrega fornecedores em
45 municípios da região.
Todos os anos, cerca de um
quinto da cana colhida no final
da safra é pago em quatro parcelas, entre janeiro e abril, mês
em que o preço da tonelada da
planta é definido pelo conselho
dos produtores, o Consecana.
"Algumas usinas estão renegociando o pagamento para
março e abril. Nossa preocupação é com o início da próxima
safra, quando os custos são
muito altos", afirmou Ortolan,
que não fala em valores nem cita nomes de usinas.
Segundo a Folha apurou, no
entanto, a renegociação do pagamento da cana colhida na última safra entre usinas e produtores pode atingir até 30%
do total fornecido na região
Centro-Sul do país, responsável pela maior parte da produção brasileira. Nesse caso, o valor da "inadimplência" chegaria a cerca de R$ 1 bilhão.
"Quando havia oferta de recursos, não havia essa restrição
de crédito, as usinas conseguiam administrar os preços
baixos [de álcool] e não precisavam vender seus estoques a
qualquer preço", afirmou Ismael Perina Júnior, presidente
da Orplana (Organização de
Produtores da Região Centro
Sul do Brasil).
Na microrregião de Araraquara, a situação é mais séria e
os pagamentos estão sendo renegociados para até o final de
julho, segundo Luiz Eugênio
Arnoni, presidente da Canasol
(Associação dos Fornecedores
de Cana de Araraquara). De
acordo com Arnoni, a medida
atinge 300 fornecedores, de
um total de 460 associados.
Procurado pela Folha, o diretor regional da Unica (União
da Indústria de Cana-de-Açúcar) em Ribeirão, Sérgio Prado,
disse que a situação de renegociação de pagamentos é exceção e não a regra neste ano. E
que, ao contrário do que dizem
os fornecedores, o cenário não
é pior. "A entidade não pode se
pronunciar sobre uma situação
que é particular e não setorial."
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