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Prefeitos podem remanejar R$ 760 mi
Valor é o que pode ser gasto no ano pelos prefeitos das dez maiores cidades da região sem necessidade de aval das Câmaras
Margem de manobra
dos Orçamentos dos municípios da região varia de 10%, como em São Carlos, a 50%, em Batatais
DA FOLHA RIBEIRÃO
Os prefeitos das dez cidades
mais populosas da região de Ribeirão Preto podem remanejar
neste ano por contra própria,
sem precisar do aval das Câmaras, cerca de R$ 760 milhões
em verbas orçamentárias, segundo cálculo feito pela Folha.
A margem de manobra, ou
verba de remanejamento, faz
parte dos projetos orçamentários aprovados pelas Câmaras
no final do ano passado.
Nas dez maiores cidades, a
verba de remanejamento varia
de 10%, como em São Carlos, a
30%, em Barretos, e chega a até
50% em Batatais. Em todas as
cidades, os pedidos dos prefeitos precisaram passar pelo crivo dos vereadores.
Um dos exemplos onde a Câmara modificou a margem inicial proposta pelo prefeito é
Barretos. Os vereadores derrubaram veto do prefeito Emanoel Carvalho (PTB) à mudança do volume de recursos a ser
remanejado. Em 2009, o prefeito pôde remanejar até 50%
das verbas do Orçamento. Neste ano, o limite caiu para 30%,
em 2011 vai para 25% e, em
2012, estaciona em 20%.
Para os municípios, o uso da
margem de manobra depende
de como o Orçamento é elaborado. "Se o projeto de lei for
bem elaborado, com um planejamento razoável, a verba de
remanejamento é menos utilizada", disse o secretário da Fazenda de São Carlos, Paulo José de Almeida.
"Muita vezes nem sempre
todo o percentual permitido é
utilizado. Em Araraquara, pelo
menos, é um instrumento de
pouco uso", disse Álvaro Guedes, que foi secretário da Fazenda de Araraquara em 2009,
mas deixou o governo.
Em Ribeirão, os 20% sugeridos pela prefeita Dárcy Vera
(DEM) foram aprovados, já
que a bancada de apoio ao governo é maioria na Câmara. No
entanto, o tucano Nicanor Lopes criticou o índice. "Me parece muito alto. Em anos anteriores, o prefeito já trabalhou com
5%." O petista Jorge Parada
também considera a margem
alta. "Acho um pouco alto. Até
15% é aceitável", afirmou.
Durante a votação do Orçamento de Ribeirão, em dezembro, o vereador Coraucci Neto
(DEM) chegou a apresentar
uma emenda reduzindo o índice de suplementação de 20%
para 10%. A emenda acabou recebendo apenas seis votos favoráveis e foi rejeitada.
Na ocasião, Coraucci disse
que o índice de 20% é muito alto e significa passar um "cheque em branco" para Dárcy.
"Eu acho que esse índice deveria ser zero. Se a prefeita precisasse suplementar, ela mandaria um projeto para a Câmara
analisar e aprovar", disse.
Para o secretário da Fazenda
de Ribeirão, Manoel Saraiva, a
margem é necessária para agilizar as decisões do governo. "É
uma margem necessária para
que a prefeita possa trabalhar.
Às vezes surgem imprevistos e
é preciso remanejar valores
com agilidade."
De acordo com o economista
Valdemir Pires, especializado
em administração financeira,
os Orçamentos dos municípios
brasileiros são, de maneira geral, mal elaborados.
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