Ribeirão Preto, Domingo, 01 de Março de 2009

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Times da região ficam sem "pratas da casa"

Sem estrutura capaz de atrair os meninos bons de bola, Botafogo, Comercial e Oeste assistem à debandada dos jogadores

56 jogadores nascidos na região estão inscritos em clubes que disputam a divisão de elite; "cartola" culpa os empresários

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Com categorias de base enfraquecidas e clubes em má fase há anos, a região de Ribeirão vem sofrendo uma debandada de jovens jogadores para outros clubes que disputam a Série A-1 do Campeonato Paulista.
Levantamento feito pela Folha com base em informações da Federação Paulista de Futebol mostra que nada menos que 56 jogadores nascidos na região estão inscritos em 18 clubes que disputam a elite do futebol paulista.
Enquanto isso, o Botafogo tem apenas quatro atletas nascidos na região (um em Ribeirão) e o Oeste, dois jogadores. Alguns clubes, como o Grêmio Barueri, que faz campanha melhor que os dois clubes, tem sete jogadores nascidos da região, sendo três de Ribeirão.
Realidade bem distante dos anos 60, 70 e 80, quando a região formava craques, se equiparava aos times da capital usando apenas a "prata da casa" e, somente depois de algum tempo, os exportava para os grandes clubes do país.
"A região é muito rica em jogadores, mas estamos perdendo todos para outros clubes do Estado e do país", disse Eduardo Baptista, presidente do Comercial, que lamenta não poder apresentar uma boa estrutura para atrair e manter os jovens talentos. "O fato é que não temos dinheiro. Sem dinheiro, não se monta uma boa estrutura e não se atrai os garotos."
O Comercial é exemplo clássico da falta de estrutura para os novos talentos. A equipe não tem time de base. Pretende formar novos elencos após o Carnaval, mas sabe que tem poucas chances de emplacar como formador de craques.
"Se não tiver uma estrutura, com profissionais qualificados e uma ajuda de custo não adianta, o garoto vai preferir um clube da capital", disse Fabrício Moreira, gerente de futebol de base do Olé Brasil.
O novo clube de Ribeirão, que se prepara para estrear na quarta divisão do futebol paulista em 2010, montou uma estrutura de primeira para acomodar garotos. "Damos toda a assistência profissional, médica, psicológica, com transporte e moradia. Assim formamos bons jogadores para formar bons times do Olé", disse.
Para Virgílio Pires Martins, presidente do Botafogo, o agente ou empresário acaba sendo um dos vilões dessa história de formação de craques. "O empresário sabe que o Botafogo não aceita fazer contratos com jogadores de 11, 12 anos. Então ele vem assediando os moleques", disse.
"O empresário vê que um determinado menino tem talento, procura o pai, o faz assinar uma procuração e já paga um salário ao garoto. Como competir com isso?", disse.


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