|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Times da região ficam sem "pratas da casa"
Sem estrutura capaz de atrair os meninos bons de bola, Botafogo, Comercial e Oeste assistem à debandada dos jogadores
56 jogadores nascidos na região estão inscritos em clubes que disputam a divisão de elite; "cartola" culpa os empresários
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Com categorias de base enfraquecidas e clubes em má fase há anos, a região de Ribeirão
vem sofrendo uma debandada
de jovens jogadores para outros
clubes que disputam a Série A-1
do Campeonato Paulista.
Levantamento feito pela Folha com base em informações
da Federação Paulista de Futebol mostra que nada menos que
56 jogadores nascidos na região
estão inscritos em 18 clubes
que disputam a elite do futebol
paulista.
Enquanto isso, o Botafogo
tem apenas quatro atletas nascidos na região (um em Ribeirão) e o Oeste, dois jogadores.
Alguns clubes, como o Grêmio
Barueri, que faz campanha melhor que os dois clubes, tem sete jogadores nascidos da região,
sendo três de Ribeirão.
Realidade bem distante dos
anos 60, 70 e 80, quando a região formava craques, se equiparava aos times da capital
usando apenas a "prata da casa"
e, somente depois de algum
tempo, os exportava para os
grandes clubes do país.
"A região é muito rica em jogadores, mas estamos perdendo todos para outros clubes do
Estado e do país", disse Eduardo Baptista, presidente do Comercial, que lamenta não poder
apresentar uma boa estrutura
para atrair e manter os jovens
talentos. "O fato é que não temos dinheiro. Sem dinheiro,
não se monta uma boa estrutura e não se atrai os garotos."
O Comercial é exemplo clássico da falta de estrutura para
os novos talentos. A equipe não
tem time de base. Pretende formar novos elencos após o Carnaval, mas sabe que tem poucas
chances de emplacar como formador de craques.
"Se não tiver uma estrutura,
com profissionais qualificados
e uma ajuda de custo não
adianta, o garoto vai preferir
um clube da capital", disse Fabrício Moreira, gerente de futebol de base do Olé Brasil.
O novo clube de Ribeirão,
que se prepara para estrear na
quarta divisão do futebol paulista em 2010, montou uma estrutura de primeira para acomodar garotos. "Damos toda a
assistência profissional, médica, psicológica, com transporte
e moradia. Assim formamos
bons jogadores para formar
bons times do Olé", disse.
Para Virgílio Pires Martins,
presidente do Botafogo, o agente ou empresário acaba sendo
um dos vilões dessa história de
formação de craques. "O empresário sabe que o Botafogo
não aceita fazer contratos com
jogadores de 11, 12 anos. Então
ele vem assediando os moleques", disse.
"O empresário vê que um determinado menino tem talento, procura o pai, o faz assinar
uma procuração e já paga um
salário ao garoto. Como competir com isso?", disse.
Texto Anterior: Brodowski se desenvolveu com a chegada da estação de trem Próximo Texto: Agentes dizem que debandada é culpa dos clubes Índice
|