Ribeirão Preto, Quarta-feira, 01 de Abril de 2009

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Após veto da Justiça a queimadas, usinas podem atrasar safra

Decisão, que só vale para região de Araraquara, obriga usinas a pagar mais pelo corte da cana crua ou usar colheitadeiras

Usineiros, com apoio da Unica, tentam derrubar decisão de juiz federal, que citou Estado e Cetesb como os réus da ação


ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO

A decisão em primeira instância da Justiça Federal de proibir a queima da palha da cana em 19 cidades da microrregião de Araraquara pode atrasar o início da safra em seis usinas de açúcar e álcool.
Isso porque, sem queimadas, os usineiros só têm duas opções: ou ampliam a colheita mecanizada ou gastam mais com os salários dos bóia-frias, já que a tonelada de cana crua é mais cara que a cana queimada.
"Um trabalhador que corta 12 toneladas de cana queimada, corta 5 [toneladas] da cana crua", explicou o sindicalista Miguel dos Santos Filho.
Os empresários, que tentam por meio da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) e individualmente derrubar a medida, confirmam mudança de cronograma da safra, mas evitam comentar a decisão ou falar sobre os prejuízos.
Segundo João Pinto, assessor das usinas Maringá, Zanin e Santa Cruz, há, de fato, alterações no cronograma das usinas. Ele, no entanto, não considera a decisão o único motivo. "Há também a questão do clima. O fato é que a decisão do juiz tem de ser respeitada."
A Zanin, com sede em Araraquara, começaria a produção amanhã (quarta-feira), o que já não é garantido pela empresa.
Por meio da assessoria de imprensa, o grupo Cosan, que administra as usinas Tamoio e Serra na região, disse que espera não precisar fazer alterações até o início previsto da safra nas unidades. Na Tamoio, a previsão de início de moagem era para o dia 13 de abril. Na Serra, ainda não havia definição.
"Aguardamos, como em outros casos, vencer no recurso essa decisão. Caso contrário, iniciaremos apenas com o potencial de corte mecânico", informou o grupo Cosan, por meio de nota.
A Usina Santa Fé, que iniciaria processo de moagem na segunda-feira, até ontem ainda não havia começado. Ninguém na unidade falou à imprensa.
Isso ocorre num momento em que parte das usinas do país enfrenta problemas de fluxo de caixa, devido à escassez de crédito. Na Maringá, por exemplo 90 trabalhadores entraram em greve no início do ano.
A proibição da queima da palha foi publicada no último dia 16. O juiz federal José Maurício Lourenço tomou a decisão depois que um procedimento administrativo apurou os efeitos danosos causados pela queima da palha à saúde.
Apontados como réus na ação, o Estado de São Paulo e a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) disseram que vão recorrer.


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