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Após veto da Justiça a queimadas, usinas podem atrasar safra
Decisão, que só vale para região de Araraquara, obriga usinas a pagar mais pelo corte da cana crua ou usar colheitadeiras
Usineiros, com apoio da Unica, tentam derrubar decisão de juiz federal, que citou Estado e Cetesb como os réus da ação
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
A decisão em primeira instância da Justiça Federal de
proibir a queima da palha da cana em 19 cidades da microrregião de Araraquara pode atrasar o início da safra em seis usinas de açúcar e álcool.
Isso porque, sem queimadas,
os usineiros só têm duas opções: ou ampliam a colheita
mecanizada ou gastam mais
com os salários dos bóia-frias,
já que a tonelada de cana crua é
mais cara que a cana queimada.
"Um trabalhador que corta
12 toneladas de cana queimada,
corta 5 [toneladas] da cana
crua", explicou o sindicalista
Miguel dos Santos Filho.
Os empresários, que tentam
por meio da Unica (União da
Indústria da Cana-de-Açúcar)
e individualmente derrubar a
medida, confirmam mudança
de cronograma da safra, mas
evitam comentar a decisão ou
falar sobre os prejuízos.
Segundo João Pinto, assessor
das usinas Maringá, Zanin e
Santa Cruz, há, de fato, alterações no cronograma das usinas.
Ele, no entanto, não considera
a decisão o único motivo. "Há
também a questão do clima. O
fato é que a decisão do juiz tem
de ser respeitada."
A Zanin, com sede em Araraquara, começaria a produção
amanhã (quarta-feira), o que já
não é garantido pela empresa.
Por meio da assessoria de imprensa, o grupo Cosan, que administra as usinas Tamoio e
Serra na região, disse que espera não precisar fazer alterações
até o início previsto da safra nas
unidades. Na Tamoio, a previsão de início de moagem era para o dia 13 de abril. Na Serra,
ainda não havia definição.
"Aguardamos, como em outros casos, vencer no recurso
essa decisão. Caso contrário,
iniciaremos apenas com o potencial de corte mecânico", informou o grupo Cosan, por
meio de nota.
A Usina Santa Fé, que iniciaria processo de moagem na segunda-feira, até ontem ainda
não havia começado. Ninguém
na unidade falou à imprensa.
Isso ocorre num momento
em que parte das usinas do país
enfrenta problemas de fluxo de
caixa, devido à escassez de crédito. Na Maringá, por exemplo
90 trabalhadores entraram em
greve no início do ano.
A proibição da queima da palha foi publicada no último dia
16. O juiz federal José Maurício
Lourenço tomou a decisão depois que um procedimento administrativo apurou os efeitos
danosos causados pela queima
da palha à saúde.
Apontados como réus na
ação, o Estado de São Paulo e a
Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) disseram que vão recorrer.
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