Ribeirão Preto, Quinta-feira, 01 de Setembro de 2011

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Greve no HC atrasa cirurgias eletivas

Em julho deste ano, foram 710 operações de várias especialidades contra 1.159 no mesmo período de 2010

Sindicato dos médicos diz, no entanto, que paralisação não reduziu o número de cirurgias oncológicas e graves

ANA SOUSA
DE RIBEIRÃO PRETO

Depois de mais de dois meses de paralisação dos médicos-assistentes, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto registrou queda no número de cirurgias eletivas.
Segundo a instituição, foram realizadas 710 operações em julho deste ano, ante as 1.159 do mesmo período do ano passado -quando não havia paralisação.
O balanço do mês de agosto ainda não foi fechado, mas o hospital acredita que a queda deve se manter.
A regional do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo), que coordena o movimento, afirma que atendimentos eletivos foram cancelados, mas cirurgias de emergência foram mantidas.
Pacientes de diversas especialidades, inclusive os que passam por tratamento de câncer, têm sido afetados.
Com câncer na garganta, a dona de casa Elizamar Lima, 42, de Buritizal (SP), foi transferida em julho, no início da greve, para o Hospital de Câncer de Barretos.
"Como o HC estava em greve e meu caso é grave, me transferiram para Barretos. Sinto muita dor, mas vou ser operada só no dia 30 de setembro", disse.
No Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, a média de operações caiu de oito para duas por semana.
Segundo o médico Hilton Ricz, que coordena o setor, apenas casos gravíssimos têm sido operados e pacientes com câncer estão na fila sem previsão para passar por procedimentos cirúrgicos.
"Antes da greve, o tempo de espera do diagnóstico até a cirurgia não passava de 30 dias", diz o especialista.

SEM PREVISÃO
O Departamento de Gastroenterologia foi ainda mais afetado. As reduções de estômago foram canceladas e as cerca de 70 pessoas que aguardam na fila não sabem quando poderão ser operadas.
"Teremos uma demanda reprimida de pacientes oncológicos que deverá ser priorizada quando as cirurgias se normalizarem. É difícil prever quando isso ocorrerá", afirma o gastroenterologista Wilson Salgado Filho.
De acordo com Ulysses Strogoff de Matos, diretor-adjunto do sindicato dos médicos, a greve não provocou redução no número de cirurgias oncológicas e graves. "Pacientes oncológicos já esperavam vários meses na fila".
Para o conselheiro do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) Isac Jorge Filho, a greve é considerada um movimento legítimo desde que mantenha o atendimento de urgências e emergências.
Caso se sintam lesados pela falta de atendimento, o conselheiro recomenda que os pacientes com doenças graves procurem o Ministério Público ou o Cremesp.


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