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Greve da polícia influencia as estatísticas
Levantamento que inclui só 15 dias da paralisação já mostra redução de boletins de ocorrência e de inquéritos na região
Caiu também o total de armas apreendidas e de carros recuperados, além das prisões; grevistas só registram os casos graves
DA FOLHA RIBEIRÃO
Embora a greve da Polícia Civil tenha começado no dia 16 de
setembro e atingido apenas 15
dias do período incluído no levantamento feito pela SSP (Secretaria de Segurança Pública),
a redução da atividade policial
foi generalizada na área do
Deinter 3, que cobre 93 cidades
da região de Ribeirão Preto.
Na comparação com o trimestre anterior, houve queda
no número de boletins de ocorrência (12,5%), termos circunstanciados (15%), inquéritos
instaurados (5,2%), presos em
flagrante (8,8%), presos com
mandado judicial (7,4%), infratores apreendidos em flagrante
(12%), armas apreendidas
(21%) e veículos recuperados
(14,7%).
A maior queda ocorreu na
apreensão de armas. Foi de 380
no segundo trimestre deste ano
para 300 entre os meses de julho e setembro.
Em toda a região, onde o número de boletins de ocorrência
variava entre 55 mil e 58 mil
por trimestre desde 2006,
quando a SSP iniciou a divulgação dos dados por município,
foram registrados 48.206 no último trimestre. A tendência é
que a menor marca da história
seja atingida na divulgação do
próximo trimestre (outubro a
dezembro) porque a greve já
pegou 30 dias desse período.
Na divisão feita por mês, fica
clara a influência da greve na
queda dos números.
"Basta observar que o mês de
setembro, que teve 15 dias de
greve, foi o de menor índice em
todos os quesitos", disse a assessoria da SSP.
Setembro foi o mês onde os
efeito da greve foram considerados mais fortes pelos policiais, uma vez que a população
não tinha consciência da gravidade da paralisação e ainda
procurava mais as delegacias. A
greve da Polícia Civil completa
hoje 47 dias e ainda não tem
previsão para terminar.
"Gostaríamos de deixar claro
que nossa meta não é atingir a
população, mas sim o governo
do Estado de São Paulo. Com a
consolidação da greve, percebemos que o povo está acompanhando a intransigência do governador José Serra (PSDB)",
disse a dirigente regional do
Sindipol (Sindicato dos Policiais Civis do Estado de São
Paulo), Maria Alzira Corrêa.
Segundo ela, a ordem é para
que sejam feitos apenas registros criminais graves, como
roubos e homicídios. No restante, em muitos casos não é
feito o boletim de ocorrência.
"A orientação é simples. Se
não for um caso urgente, não
deve ser feito. Em casos especiais, a decisão fica a cargo do
delegado. O que não pode é o
policial se acovardar diante da
pressão e registrar tudo", disse
Maria Alzira.
Os grevistas apontam a baixa
procura da própria população
para a queda nos números de
serviços prestados pela Polícia
Civil na região. "É só ver as delegacias. O povo convive há um
mês e meio com a greve e sabe
que não vai ser atendido em caso de crime leve", afirmou o delegado Haroldo Chaud, representante regional da Adpesp
(Associação dos Delegados de
Polícia do Estado de SP).
Durante a greve, os oito distritos de Ribeirão tem deixado
de registrar, em média, 60
ocorrências por dia, segundo
dados da Delegacia Seccional.
Uma audiência pública realizada anteontem na Assembléia
Legislativa, em São Paulo, era a
esperança dos grevistas para
pôr um ponto final no movimento. Como representantes
do governo não foram ao encontro, a ordem é de manutenção da greve. Segundo Maria
Alzira Corrêa, um novo protesto no Palácio dos Bandeirantes,
onde houve confronto com a
Polícia Militar há duas semanas, está sendo cogitado.
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