Ribeirão Preto, Sábado, 01 de Novembro de 2008

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Greve da polícia influencia as estatísticas

Levantamento que inclui só 15 dias da paralisação já mostra redução de boletins de ocorrência e de inquéritos na região

Caiu também o total de armas apreendidas e de carros recuperados, além das prisões; grevistas só registram os casos graves

DA FOLHA RIBEIRÃO

Embora a greve da Polícia Civil tenha começado no dia 16 de setembro e atingido apenas 15 dias do período incluído no levantamento feito pela SSP (Secretaria de Segurança Pública), a redução da atividade policial foi generalizada na área do Deinter 3, que cobre 93 cidades da região de Ribeirão Preto.
Na comparação com o trimestre anterior, houve queda no número de boletins de ocorrência (12,5%), termos circunstanciados (15%), inquéritos instaurados (5,2%), presos em flagrante (8,8%), presos com mandado judicial (7,4%), infratores apreendidos em flagrante (12%), armas apreendidas (21%) e veículos recuperados (14,7%).
A maior queda ocorreu na apreensão de armas. Foi de 380 no segundo trimestre deste ano para 300 entre os meses de julho e setembro.
Em toda a região, onde o número de boletins de ocorrência variava entre 55 mil e 58 mil por trimestre desde 2006, quando a SSP iniciou a divulgação dos dados por município, foram registrados 48.206 no último trimestre. A tendência é que a menor marca da história seja atingida na divulgação do próximo trimestre (outubro a dezembro) porque a greve já pegou 30 dias desse período.
Na divisão feita por mês, fica clara a influência da greve na queda dos números.
"Basta observar que o mês de setembro, que teve 15 dias de greve, foi o de menor índice em todos os quesitos", disse a assessoria da SSP.
Setembro foi o mês onde os efeito da greve foram considerados mais fortes pelos policiais, uma vez que a população não tinha consciência da gravidade da paralisação e ainda procurava mais as delegacias. A greve da Polícia Civil completa hoje 47 dias e ainda não tem previsão para terminar.
"Gostaríamos de deixar claro que nossa meta não é atingir a população, mas sim o governo do Estado de São Paulo. Com a consolidação da greve, percebemos que o povo está acompanhando a intransigência do governador José Serra (PSDB)", disse a dirigente regional do Sindipol (Sindicato dos Policiais Civis do Estado de São Paulo), Maria Alzira Corrêa.
Segundo ela, a ordem é para que sejam feitos apenas registros criminais graves, como roubos e homicídios. No restante, em muitos casos não é feito o boletim de ocorrência.
"A orientação é simples. Se não for um caso urgente, não deve ser feito. Em casos especiais, a decisão fica a cargo do delegado. O que não pode é o policial se acovardar diante da pressão e registrar tudo", disse Maria Alzira.
Os grevistas apontam a baixa procura da própria população para a queda nos números de serviços prestados pela Polícia Civil na região. "É só ver as delegacias. O povo convive há um mês e meio com a greve e sabe que não vai ser atendido em caso de crime leve", afirmou o delegado Haroldo Chaud, representante regional da Adpesp (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de SP).
Durante a greve, os oito distritos de Ribeirão tem deixado de registrar, em média, 60 ocorrências por dia, segundo dados da Delegacia Seccional.
Uma audiência pública realizada anteontem na Assembléia Legislativa, em São Paulo, era a esperança dos grevistas para pôr um ponto final no movimento. Como representantes do governo não foram ao encontro, a ordem é de manutenção da greve. Segundo Maria Alzira Corrêa, um novo protesto no Palácio dos Bandeirantes, onde houve confronto com a Polícia Militar há duas semanas, está sendo cogitado.


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