Ribeirão Preto, Domingo, 1 de novembro de 1998

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Para famílias, situação não mudou da Reportagem Local

Familiares das vítimas da chacina ocorrida em setembro em Ribeirão Preto afirmam que a ocorrência é uma prova de que o comportamento dos PMs não mudou após o crime da favela Naval.
Na madrugada do dia 4 de setembro, os adolescentes L.C.S.T. e P.W.F.V., ambos de 17 anos, e Genoé Ferreira da Silva Jr., 20, foram assassinados a tiros.
Dois policiais militares são acusados de matar os jovens e outros dois PMs são investigados por prevaricação, pois teriam presenciado a cena sem tomar providências.
Os corpos foram encontrados no final da tarde seguinte, em um canavial da fazenda Veneranda, pertencente à Usina Galo Bravo, no Anel Viário de Ribeirão.
A identificação dos jovens só aconteceu à noite. Segundo a vendedora Patrícia Aparecida Ferreira, 22, irmã de Silva Jr. e namorada de L.C.S.T., os meninos tinham saído juntos na véspera.
"Uma vizinha me contou que tinham achado os corpos. Como nenhum deles tinha aparecido, fui até o IML (Instituto Médico Legal) e reconheci o corpo do meu irmão", afirma ela.
Os policiais Luiz Fernando D'Antonio Florentino e Júlio César da Silva, acusados de disparar contra os três, negam o crime. Eles estão no presídio militar Romão Gomes, em São Paulo, e devem ser expulsos da corporação quando o IPM for concluído.
"Não temos a menor dúvida de que foram eles que cometeram o crime. Eles são assassinos e devem ser punidos por isso", diz Patrícia.
Segundo ela, os PMs já conheciam os meninos e Florentino sempre ameaçava P.W.F.V..
"O Luiz Fernando falava que ele já tinha vivido demais e que tinha que morrer."
Ela afirma que tem medo de policiais. "Não achei que a situação fosse chegar a esse ponto. Em vez de defender a gente, eles representam um perigo."
Os soldados Eliel Roberto Guedes Furtado e Valdecir Martins Coelho, que presenciaram a execução dos jovens, denunciaram os outros PMs no dia 5 de setembro.
Desde então, eles estão afastados do serviço de rua. Na última semana, foi aberto processo administrativo para analisar o futuro deles na corporação.
Anteontem, eles participaram da reconstituição do crime.



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