Ribeirão Preto, Domingo, 1 de novembro de 1998

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Integralista ainda cultua Plínio Salgado

da enviada especial

Integralistas na ativa, os aposentados Paulo Nogueira de Arruda, 80, e Arlindo Gonçalves da Silva, 85, de Araraquara, ainda se dizem defensores do lema "Deus, Pátria e Família" do movimento na década de 30 e afirmam que o liberalismo acabou com o país.
Segundo eles, o movimento integralista em Araraquara contava com cerca de mil pessoas em 1932 e era um dos mais expressivos e atuantes da região.
"Fazíamos concentrações (comícios) para pregar nossos princípio", conta Arruda.
Silva lembra que participou de um conflito entre comunistas e integralistas na praça da Sé, centro de São Paulo, em 1938. "Só não morri porque meu grupo chegou depois. Perdi muitos amigos."
Segundo ele, os comunistas armaram emboscada para os integralistas na saída de um cinema. No caminho de volta para Araraquara, o trem descarrilou.
De acordo com eles, as reuniões eram feitas aos sábados e domingos. Em uma delas, Plínio Salgado fez uma conferência. "Ele (Salgado) falou mais de uma hora e meia sem ler", disse Silva.
Já Arruda, afirmou que não vota há 25 anos, desde que Plínio Salgado deixou a vida pública.
"Nasci integralista e vou morrer integralista. Hoje, com esses políticos que existem aí, tenho até vergonha de ser brasileiro", disse.
O integralista conta que entrou para o movimento com 14 anos por intermédio de seu irmão, um dos chefes do núcleo municipal. Por meio dele também, que era um dos chefes integralistas, teve contato com a obra "Brasil Colônia de Banqueiros", de Gustavo Barroso, presidente da Academia Brasileira de Letras. "Depois que li os artigos, resolvi ser integralista", disse.
Silva faz questão de dizer que não gosta de ser confundido com os fascistas. "Eles pregam o princípio materialista e nós, o cristão."
Segundo Silva, quando os italianos aderiram ao movimento integralista, existiam algumas semelhanças na marcha, nos desfiles.
Silva e Arruda reconhecem que o movimento quase não existe mais na região, mas ainda guardam livros, escrevem artigos e tentam entrar em contato com outros integralistas da época. "Parece que foi ontem", diz Silva, referindo-se às reuniões da década de 30.



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