|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Integralista ainda cultua Plínio Salgado
da enviada especial
Integralistas na ativa, os aposentados Paulo Nogueira de Arruda,
80, e Arlindo Gonçalves da Silva,
85, de Araraquara, ainda se dizem
defensores do lema "Deus, Pátria e
Família" do movimento na década
de 30 e afirmam que o liberalismo
acabou com o país.
Segundo eles, o movimento integralista em Araraquara contava
com cerca de mil pessoas em 1932 e
era um dos mais expressivos e
atuantes da região.
"Fazíamos concentrações (comícios) para pregar nossos princípio", conta Arruda.
Silva lembra que participou de
um conflito entre comunistas e integralistas na praça da Sé, centro
de São Paulo, em 1938. "Só não
morri porque meu grupo chegou
depois. Perdi muitos amigos."
Segundo ele, os comunistas armaram emboscada para os integralistas na saída de um cinema.
No caminho de volta para Araraquara, o trem descarrilou.
De acordo com eles, as reuniões
eram feitas aos sábados e domingos. Em uma delas, Plínio Salgado
fez uma conferência. "Ele (Salgado) falou mais de uma hora e meia
sem ler", disse Silva.
Já Arruda, afirmou que não vota
há 25 anos, desde que Plínio Salgado deixou a vida pública.
"Nasci integralista e vou morrer
integralista. Hoje, com esses políticos que existem aí, tenho até vergonha de ser brasileiro", disse.
O integralista conta que entrou
para o movimento com 14 anos
por intermédio de seu irmão, um
dos chefes do núcleo municipal.
Por meio dele também, que era um
dos chefes integralistas, teve contato com a obra "Brasil Colônia de
Banqueiros", de Gustavo Barroso,
presidente da Academia Brasileira
de Letras. "Depois que li os artigos,
resolvi ser integralista", disse.
Silva faz questão de dizer que não
gosta de ser confundido com os
fascistas. "Eles pregam o princípio
materialista e nós, o cristão."
Segundo Silva, quando os italianos aderiram ao movimento integralista, existiam algumas semelhanças na marcha, nos desfiles.
Silva e Arruda reconhecem que o
movimento quase não existe mais
na região, mas ainda guardam livros, escrevem artigos e tentam
entrar em contato com outros integralistas da época. "Parece que
foi ontem", diz Silva, referindo-se
às reuniões da década de 30.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|