Ribeirão Preto, Domingo, 1 de novembro de 1998

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ACONTECE
Show do cantor e compositor baiano, que acontece na quarta no ginásio do Sesc, é destaque da temporada
Caetano mostra "Livro" em São Carlos

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Redação

Caetano Veloso já não é mais uma unanimidade entre a "inteligência" brasileira. Criticá-lo virou moda. Seu novo disco, "Livro Vivo", também não se compara aos álbuns do passado, como "Transa", "Jóia", "Qualquer Coisa", "Muito", "Cinema Transcendental", e até aos mais recentes, como "Estrangeiro" e "Circuladô".
Ainda assim, o show que o cantor e compositor baiano apresenta na próxima quarta em São Carlos -e que deve passar por Ribeirão Preto em breve- será, sem dúvida, um dos grandes momentos da temporada cultural 98 na região.
Nele, Caetano busca consolidar uma imagem mais "cool", refinada pelo modelito do terno e pelos arranjos que misturam a sonoridade das ruas de Salvador ao jazz das grandes orquestras norte-americanas. A mistura insólita, sem dúvida, deixou o disco meio chato, o que não ocorre com o show.
Ao vivo, a banda -formada por Luiz Brazil (violão), Jorge Helder (baixo), Rowney Scott (saxofone), Jonatan Nascimento (trompete) Roberto Silva (trombone), Ronaldo Silva (bateria) e pelos percussionistas Orlando Costa, Márcio Victor e Josino Eduardo- e o carisma de Caetano seguram no alto o espetáculo.
Das canções do novo disco, que traz 14 faixas, se destacam as inéditas "How Beatiful Could a Being Be", "Os Passistas", "Livros", "Onde o Rio é Mais Baiano" e "Um Tom". As demais, incluindo a histérica e prepotente "Não Enche", pouco acrescentam.
Com a regravação de "Na Baixa do Sapateiro", de Ari, e com a inédita "Pra Ninguém" Caetano encontra a deixa para, mais uma vez, homenagear João Gilberto.
Na primeira, Caetano acerta ao recriar nos metais o magnífico arranjo que João fez, no violão, para o clássico em seu histórico "álbum branco" de 73. Diga-se de passagem que a versão de João é melhor, mas a de Caetano se segura como justa homenagem.
Já em "Pra Ninguém" Caetano aproveita ainda para dialogar com o "Paratodos" de Chico Buarque. Também nesse caso, a obra buarqueana é superior.
Quem gosta somente do Caetano da chamada "fase azul", de "Odara", "Leaõzinho" e outros bichos, talvez não deva ir ao novo show. Mas os que apreciam a pouca coerência e o sincretismo desse inquieto baiano, sem cobrar-lhe revoluções por minuto, vai encontrar em "Livro Vivo" um bom e revigorado espetáculo.

Show: "Livro Vivo"
Onde: ginásio do Sesc,av. Comendador Alfredo Maffei, 700. Tel: (016) 272-7555
Quando: Quarta, às 21h30
Quanto: R$ 20, R$ 10 (para usuários do Sesc) e R$ 5 (para comerciários com carteirinha).



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