Ribeirão Preto, Terça-feira, 02 de Fevereiro de 2010

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Alunos acusados de racismo são expulsos

Decisão do Centro Universitário Barão de Mauá atinge estudantes que agrediram um auxiliar de serviços em dezembro

Instituição diz que decisão foi tomada após análise de uma comissão especial; advogados têm opiniões diferentes sobre o caso

ARARIPE CASTILHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Os três alunos de medicina do Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto envolvidos em denúncia de racismo foram expulsos da instituição. Emílio Pechulo Ederson, 20, Felipe Giron Trevizani, 21, e Abrahão Afiune Júnior, 19, são acusados de agredir e ofender de forma racista o auxiliar de serviços gerais Geraldo Garcia, 55, no final do ano passado.
O professor João Alberto de Andrade Velloso, que até sexta-feira ocupava o cargo de reitor do centro universitário, assinou o desligamento dos alunos. Ele disse que a decisão foi tomada após análise da comissão especial formada para acompanhar o caso.
Os acusados chegaram a ser presos na época, mas foram liberados após pagamento de fiança. Os três foram flagrados por um frentista e dois vigilantes ao baterem com o tapete do carro nas costas do auxiliar de serviços gerais, que é negro.
Garcia seguia de bicicleta para o trabalho e, com a força da pancada, caiu e machucou a coxa, segundo a polícia. A agressão foi em 13 de dezembro, na avenida Francisco Junqueira.
Como a acusação é referente a uma atitude dos alunos fora da faculdade, o professor da área de direito civil da USP, Rui Geraldo Camargo Viana, disse que a decisão da Barão pode ser considerada "precipitada".
"O estatuto da instituição tem de tratar da vida dentro da universidade. A lei já prevê punição para quem tem esse tipo de conduta", disse Viana.
Já o coordenador da comissão de direitos humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Ribeirão, Vanderley Caixe Filho, discorda.
"Se houve o devido processo legal na faculdade e os responsáveis entenderam que os estudantes mereciam a punição, nada mais justo [do que a expulsão]", afirmou.
Para a vítima, o desligamento dos alunos "foi o mínimo que a faculdade poderia fazer". Garcia disse que já se recuperou fisicamente, apesar de ainda estar "traumatizado" com o que aconteceu. "Começando por isso [a expulsão] acredito que a Justiça também vai tomar a decisão certa", afirmou.
O advogado Carlos Mancini, que defende os universitários, afirmou que irá recorrer (leia texto nesta página).


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