Ribeirão Preto, Sexta-feira, 02 de Setembro de 2011

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Juíza manda Acirp devolver R$ 500 mil por repasse irregular

Decisão se refere a convênio firmado com o prefeito Palocci em 2002 para obras de revitalização do centro

Magistrada considerou ser ilegal o município transferir recursos para entidades privadas sem realizar licitação

Márcia Ribeiro-15.ago.2011/Folhapress
Comércio de ambulantes realizado no calçadão da
r. General Osório, no centro de Ribeirão


JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

A Justiça de Ribeirão Preto condenou a Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) a devolver R$ 500 mil à prefeitura por convênio considerado irregular. Cabe recurso e a entidade informou que irá fazer isso.
A condenação refere-se ao repasse para obras de revitalização no centro de Ribeirão em 2002, na gestão do então prefeito Antonio Palocci (PT). Na época, seu vice, Gilberto Maggioni, acumulava o cargo de presidente da Acirp.
O repasse ocorreu após a Câmara ter aprovado projeto de lei 9.614, que previa o convênio com a entidade. Agora, a Justiça declarou a lei nula.
A decisão da 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão é do dia 29 de julho, mas foi publicada na última sexta-feira no "Diário Oficial do Estado".
A decisão se baseia em ação popular movida pelo ex-deputado Fernando Chiarelli (PT do B), que deve disputar a sucessão da prefeita Dárcy Vera (DEM) no ano que vem.
O principal argumento da Justiça é que a prefeitura não poderia ter repassado a verba sem abertura de licitação.
"Sendo a ACI uma entidade privada e não havendo motivos justificáveis para dispensa de licitação, ressente-se, pois, de ilegalidade a autorização do convênio nos moldes firmados", argumenta na decisão a juíza auxiliar Lucilene Canella de Mello.
A atribuição dos vereadores para autorizar convênios, diz trecho da decisão, "por si só não abaliza a aprovação do projeto de lei" que autorizou o convênio, porque o acordo implicou "significativo repasse de recursos" sem existência de licitação.
A decisão também diz que, apesar de as obras terem sido executadas, a Acirp "não fez prova documental de que o dinheiro recebido foi integralmente aplicado nas obras e serviços de revitalização".
Em nota, a Acirp disse que vai recorrer da decisão. O advogado José Roberto Manesco, que representa Palocci, diz que a licitação era inexigível.
O tema da revitalização do centro é discutido há 20 anos em Ribeirão, com problemas como a segurança, limpeza e a presença de camelôs no calçadão da rua General Osório.
O assunto também tornou-se pauta de Dárcy Vera (DEM).

INVESTIGAÇÃO
Em 2002, a Folha publicou que a Promotoria Criminal havia questionado a validade do convênio com a entidade que era então presidida pelo vice-prefeito.
A reforma total do calçadão foi orçada em R$ 1,65 milhão. No final de 2002, já prefeito interino e ex-presidente da Acirp, Maggioni chegou até a pedir à Câmara a liberação de mais R$ 125 mil à entidade baseado no convênio.


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