Ribeirão Preto, Domingo, 03 de Julho de 2011

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Diferença na pista gera insegurança, diz docente

Para especialista, concessão deveria exigir obra em trechos não rentáveis

Professor da USP afirma que argumento do DER de que faltam recursos financeiros para fazer obras não procede


DE RIBEIRÃO PRETO

A falta de continuidade, nas rodovias sob gestão do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), das boas condições existentes nas estradas duplicadas que estão concedidas à iniciativa privada provoca insegurança nos motoristas.
Essa é a avaliação de especialistas ouvidos pela Folha. Eles defendem que, nos contratos, o governo do Estado deveria exigir das empresas vencedoras que cuidassem não somente dos trechos mais atrativos para a arrecadação com pedágio, mas também da continuação de vias secundárias.
"A concessão deveria ser ampliada para cobrir também esses trechos e não ficar só no filé-mignon. Senão você sai do filé-mignon e entra no bagaço", afirmou Horácio Figueira, mestre em engenharia de transporte pela USP.
Pela descontinuidade, de acordo com o especialista, "a segurança vai de cem a zero em dez segundos".
"É perigoso, porque o motorista vem em um padrão de dirigibilidade e de segurança e sai do primeiro mundo para cair no quinto", afirmou, em referência à mudança de um trecho concedido para um administrado pelo DER.
A consequência, de acordo com Figueira, é que o motorista acaba tomando menos cuidado.
"Ele, que trafega a 120 quilômetros por hora na pista duplicada, ao ver uma placa para reduzir para 50 quilômetros por hora acha que é "pegadinha" de multa ou "encheção" do engenheiro do DER", disse.

DESMONTE
A falta de manutenção das pistas sob controle do governo do Estado é resultado do "desmonte" que o DER sofreu ao longo dos anos, segundo análise do especialista em transporte e docente da USP de São Carlos, José Bernardes Felex.
"O Estado, ao longo do tempo, desmontou a sua capacidade própria de fazer. O DER não é mais aquele órgão que era pioneiro em obras, em manter as rodovias", afirmou Felex.
Na opinião do docente, se o Estado foi competente para cobrar das concessionárias boas rodovias, ele "tem de ser competente consigo mesmo para oferecer o mesmo tipo de qualidade que exige".
O argumento utilizado pelo DER de que faltam recursos financeiros para que as obras sejam executadas nas rodovias de São Paulo não procede, ainda de acordo com o especialista. "Orçamento é uma questão de gestão e planejamento."
(JULIANA COISSI)


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