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Crise não tira otimismo dos empresários
Empresas da região preveem contratações e novos investimentos neste ano, apesar das dificuldades para obter crédito
Perspectivas são boas na Segmenta, Apis Flora, Faber-Castell e na rede Magazine Luiza; já o setor da cana-de-açúcar está apreensivo
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
A apreensão provocada pela
crise que atingiu economias de
todo o mundo a partir do segundo semestre do ano passado
não tira o otimismo de indústrias da região de Ribeirão para
2009. Investimento em novos
prédios e contratações fazem
parte dos planos de boa parte
das empresas.
Empresários e especialistas
ouvidos pela Folha avaliam
que haverá sofrimento, mas ele
será menor que o registrado
em outros países e a fase mais
aguda deve ficar restrita ao primeiro semestre. "Já estamos
sendo afetados pela crise, pelo
canal do crédito", afirmou o
economista Nelson Rocha Augusto, presidente do BRP (Banco Ribeirão Preto).
Segundo ele, a economia é
atingida porque parte das empresas capta recursos no exterior. "O país é emergente e precisa do dinheiro, que secou. Em
função dessa restrição, os bancos passaram a ter restrição de
crédito. Em função de crise de
confiança, o dinheiro escasseou e encareceu bastante."
Na Segmenta, empresa de
Ribeirão que desenvolve produtos hospitalares e tem 550
funcionários, as perspectivas
para este ano são positivas, segundo o diretor de marketing e
vendas, Wolney Alonso.
"As perspectivas são muito
boas em função do novo marco
regulatório do setor. Desde dezembro, as empresas só podem
produzir em sistema fechado,
nova tecnologia para qual apenas a Segmenta e talvez outros
3 dos 12 fabricantes do país
realmente investiram." Além
disso, diz, "o soro [produzido
na empresa] é insumo vital para uso de qualquer hospital".
A crise também não atingiu a
Apis Flora, empresa de Ribeirão com 54 funcionários. "Nossa perspectiva continua boa,
não sentimos efeitos da crise.
Alimentos e medicamentos
não devem ser muito afetados.
A crise deve ficar restrita a
bens duráveis e imóveis", disse
Raul de Barros Ferreira, diretor de planejamento.
A empresa está construindo
uma fábrica de medicamentos
e prevê lançar novos produtos
neste ano, na linha de chás e
sprays. "A construção deve terminar em janeiro. Após a certificação da Anvisa, prevista para
junho, devemos contratar",
disse. As exportações representam apenas 5% do faturamento da empresa.
Já na rede Magazine Luiza,
que tem sede em Franca, a previsão é faturar 40% a mais
-em 2007, a alta foi de 18% em
relação ao ano anterior, com
faturamento de R$ 2,6 bilhões.
Segundo sua assessoria, devem
ser contratados 700 novos funcionários neste ano.
Na Faber-Castell, que emprega 2.100 funcionários em
São Carlos, a previsão é crescer
de 5% a 7% no ano fiscal, que
termina em março, em relação
ao período anterior. A empresa
exporta para mais de 70 países.
Crédito
Apesar da expectativa positiva, as empresas reconhecem
que a crise já atingiu a economia da região.
"[Sentimos a crise] Principalmente no custo de captação
de recursos, graças à forte depreciação do real frente às principais moedas internacionais",
disse Alonso, da Segmenta.
Para o diretor do Instituto de
Pesquisas Sociais da ACI-RP,
Antônio Vicente Golfeto, as
vendas de final de ano já foram
um "aperitivo" da crise. "As
vendas ficaram abaixo da expectativa, mas o comportamento nos mais variados setores só será conhecido nos primeiros meses do ano." As vendas subiram 4%, contra a projeção inicial de até 10%.
No agronegócio, a dúvida é
como ficará o preço da tonelada
da cana, principal cultura da
economia regional. Em dois
anos, o preço caiu de R$ 50 praticados para cerca de R$ 30, devido à supersafra.
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