Ribeirão Preto, Domingo, 04 de Janeiro de 2009

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Crise não tira otimismo dos empresários

Empresas da região preveem contratações e novos investimentos neste ano, apesar das dificuldades para obter crédito

Perspectivas são boas na Segmenta, Apis Flora, Faber-Castell e na rede Magazine Luiza; já o setor da cana-de-açúcar está apreensivo

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

A apreensão provocada pela crise que atingiu economias de todo o mundo a partir do segundo semestre do ano passado não tira o otimismo de indústrias da região de Ribeirão para 2009. Investimento em novos prédios e contratações fazem parte dos planos de boa parte das empresas.
Empresários e especialistas ouvidos pela Folha avaliam que haverá sofrimento, mas ele será menor que o registrado em outros países e a fase mais aguda deve ficar restrita ao primeiro semestre. "Já estamos sendo afetados pela crise, pelo canal do crédito", afirmou o economista Nelson Rocha Augusto, presidente do BRP (Banco Ribeirão Preto).
Segundo ele, a economia é atingida porque parte das empresas capta recursos no exterior. "O país é emergente e precisa do dinheiro, que secou. Em função dessa restrição, os bancos passaram a ter restrição de crédito. Em função de crise de confiança, o dinheiro escasseou e encareceu bastante."
Na Segmenta, empresa de Ribeirão que desenvolve produtos hospitalares e tem 550 funcionários, as perspectivas para este ano são positivas, segundo o diretor de marketing e vendas, Wolney Alonso.
"As perspectivas são muito boas em função do novo marco regulatório do setor. Desde dezembro, as empresas só podem produzir em sistema fechado, nova tecnologia para qual apenas a Segmenta e talvez outros 3 dos 12 fabricantes do país realmente investiram." Além disso, diz, "o soro [produzido na empresa] é insumo vital para uso de qualquer hospital".
A crise também não atingiu a Apis Flora, empresa de Ribeirão com 54 funcionários. "Nossa perspectiva continua boa, não sentimos efeitos da crise. Alimentos e medicamentos não devem ser muito afetados. A crise deve ficar restrita a bens duráveis e imóveis", disse Raul de Barros Ferreira, diretor de planejamento.
A empresa está construindo uma fábrica de medicamentos e prevê lançar novos produtos neste ano, na linha de chás e sprays. "A construção deve terminar em janeiro. Após a certificação da Anvisa, prevista para junho, devemos contratar", disse. As exportações representam apenas 5% do faturamento da empresa.
Já na rede Magazine Luiza, que tem sede em Franca, a previsão é faturar 40% a mais -em 2007, a alta foi de 18% em relação ao ano anterior, com faturamento de R$ 2,6 bilhões. Segundo sua assessoria, devem ser contratados 700 novos funcionários neste ano.
Na Faber-Castell, que emprega 2.100 funcionários em São Carlos, a previsão é crescer de 5% a 7% no ano fiscal, que termina em março, em relação ao período anterior. A empresa exporta para mais de 70 países.

Crédito
Apesar da expectativa positiva, as empresas reconhecem que a crise já atingiu a economia da região.
"[Sentimos a crise] Principalmente no custo de captação de recursos, graças à forte depreciação do real frente às principais moedas internacionais", disse Alonso, da Segmenta.
Para o diretor do Instituto de Pesquisas Sociais da ACI-RP, Antônio Vicente Golfeto, as vendas de final de ano já foram um "aperitivo" da crise. "As vendas ficaram abaixo da expectativa, mas o comportamento nos mais variados setores só será conhecido nos primeiros meses do ano." As vendas subiram 4%, contra a projeção inicial de até 10%.
No agronegócio, a dúvida é como ficará o preço da tonelada da cana, principal cultura da economia regional. Em dois anos, o preço caiu de R$ 50 praticados para cerca de R$ 30, devido à supersafra.


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