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É mais fácil perder o carro em Sertãozinho
Levantamento mostra que cidade lidera ranking regional de furtos ou roubos de veículos considerando o tamanho da frota
Delegado diz acreditar que
a proporção é alta porque
a principal atividade criminosa da cidade
é o furto de veículos
GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Sertãozinho é a cidade da região de Ribeirão Preto onde é
mais fácil ter o carro furtado ou
roubado. O município teve o
maior índice de roubos (quando há uso de violência) e furtos
de veículos em relação à sua
frota nos nove primeiros meses
de 2008, entre as 89 cidades da
região.
É o que revela levantamento
feito pela Folha com base em
dados da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) e
do Denatran (Departamento
Nacional de Trânsito). Os números englobam o período de
janeiro a setembro de 2008.
Houve 281 furtos e roubos em
Sertãozinho, para uma frota de
56.551 veículos.
Isso significa que, para cada
200 carros ou motos existentes
no município, um é levado por
ladrões. Ou que 0,5% de toda a
frota da cidade foi furtada ou
roubada nos nove primeiros
meses do ano passado.
Ribeirão Preto aparece, proporcionalmente, em terceiro
lugar no ranking, com 0,38% da
frota levada por bandidos -o
que significa 1.271 de um total
de 329.837 veículos.
São José da Bela Vista, mesmo com apenas cinco veículos
furtados ou roubados, é a segunda colocada. É que a cidade
de 8.479 habitantes tem só
1.234 veículos. Os cinco roubos
e furtos representam 0,40% de
toda a frota do município.
"O que acontece aqui é a falta
da cultura de proteção. Em um
dos furtos, o rapaz deixou a
moto com a chave no contato
na rua. Voltou uma hora depois
e ela não estava lá", disse o investigador de São José da Bela
Vista Gilberto Nascimento.
Na líder do ranking Sertãozinho, o delegado Targino Osório, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), diz acreditar que a proporção é alta porque a principal atividade criminosa da cidade é o furto de veículos (quando a vítima não está
presente).
O delegado, porém, diz que
não existe atuação de grandes
quadrilhas. "São pequenos criminosos. Aqui sempre teve
muitos ladrões de carros. Um
foi ensinando o outro e isso foi
crescendo", afirmou.
Targino afirmou, sem citar
estatísticas oficiais, que cerca
de metade dos carros roubados
e furtados é recuperada.
Entre as dez maiores cidades
da região, Sertãozinho também
foi a cidade em que a frota mais
cresceu no último ano -11,5%.
Entre setembro de 2007 e setembro de 2008, o número de
carros, motos e caminhões saltou de 50.690 para 56.551.
Para o coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP, Sérgio
Kodato, o avanço do número
de veículos em circulação impulsiona a maior ocorrência de
roubos na cidade. "Onde tem
mais poder econômico e mais
carros, é claro que vai haver
mais roubos", afirmou.
Uma das vítimas dos ladrões
de Sertãozinho foi o comerciante Adimar Luiz dos Santos,
47. No início do mês passado,
ele teve seu Gol 99 furtado no
centro da cidade, por volta de
14h. "Tinha ido ao fórum para
uma audiência. Uma hora depois, voltei e já tinham levado
meu carro."
Diferentemente da polícia,
ele acredita na ação de uma
quadrilha organizada. O carro,
cujo pagamento estava parcelado em 60 vezes de R$ 580,
não foi recuperado e não estava
no seguro. "Só paguei 15 parcelas", afirmou Silva, que continua pagando o financiamento.
A prática preferida pelos ladrões de veículos de Sertãozinho é mesmo o furto. Dos 281
carros alvos de bandidos entre
janeiro e setembro, 271 foram
furtados e só dez, roubados.
A onda de furtos é tão grande
na cidade que até quem não teve o carro levado por ladrões às
vezes se confunde.
É o caso de Roberta Celete,
28, que registrou queixa de furto em 5 de dezembro na DIG,
durante as comemorações do
aniversário da cidade, quando
havia grande concentração de
carros nas ruas centrais.
"No dia seguinte, olhamos
melhor e achamos o carro. Eu
tinha estacionado em outro local", afirmou.
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