Ribeirão Preto, Domingo, 04 de Janeiro de 2009

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É mais fácil perder o carro em Sertãozinho

Levantamento mostra que cidade lidera ranking regional de furtos ou roubos de veículos considerando o tamanho da frota

Delegado diz acreditar que a proporção é alta porque a principal atividade criminosa da cidade é o furto de veículos

GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Sertãozinho é a cidade da região de Ribeirão Preto onde é mais fácil ter o carro furtado ou roubado. O município teve o maior índice de roubos (quando há uso de violência) e furtos de veículos em relação à sua frota nos nove primeiros meses de 2008, entre as 89 cidades da região.
É o que revela levantamento feito pela Folha com base em dados da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) e do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Os números englobam o período de janeiro a setembro de 2008. Houve 281 furtos e roubos em Sertãozinho, para uma frota de 56.551 veículos.
Isso significa que, para cada 200 carros ou motos existentes no município, um é levado por ladrões. Ou que 0,5% de toda a frota da cidade foi furtada ou roubada nos nove primeiros meses do ano passado.
Ribeirão Preto aparece, proporcionalmente, em terceiro lugar no ranking, com 0,38% da frota levada por bandidos -o que significa 1.271 de um total de 329.837 veículos.
São José da Bela Vista, mesmo com apenas cinco veículos furtados ou roubados, é a segunda colocada. É que a cidade de 8.479 habitantes tem só 1.234 veículos. Os cinco roubos e furtos representam 0,40% de toda a frota do município.
"O que acontece aqui é a falta da cultura de proteção. Em um dos furtos, o rapaz deixou a moto com a chave no contato na rua. Voltou uma hora depois e ela não estava lá", disse o investigador de São José da Bela Vista Gilberto Nascimento.
Na líder do ranking Sertãozinho, o delegado Targino Osório, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), diz acreditar que a proporção é alta porque a principal atividade criminosa da cidade é o furto de veículos (quando a vítima não está presente).
O delegado, porém, diz que não existe atuação de grandes quadrilhas. "São pequenos criminosos. Aqui sempre teve muitos ladrões de carros. Um foi ensinando o outro e isso foi crescendo", afirmou.
Targino afirmou, sem citar estatísticas oficiais, que cerca de metade dos carros roubados e furtados é recuperada.
Entre as dez maiores cidades da região, Sertãozinho também foi a cidade em que a frota mais cresceu no último ano -11,5%. Entre setembro de 2007 e setembro de 2008, o número de carros, motos e caminhões saltou de 50.690 para 56.551.
Para o coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP, Sérgio Kodato, o avanço do número de veículos em circulação impulsiona a maior ocorrência de roubos na cidade. "Onde tem mais poder econômico e mais carros, é claro que vai haver mais roubos", afirmou.
Uma das vítimas dos ladrões de Sertãozinho foi o comerciante Adimar Luiz dos Santos, 47. No início do mês passado, ele teve seu Gol 99 furtado no centro da cidade, por volta de 14h. "Tinha ido ao fórum para uma audiência. Uma hora depois, voltei e já tinham levado meu carro."
Diferentemente da polícia, ele acredita na ação de uma quadrilha organizada. O carro, cujo pagamento estava parcelado em 60 vezes de R$ 580, não foi recuperado e não estava no seguro. "Só paguei 15 parcelas", afirmou Silva, que continua pagando o financiamento.
A prática preferida pelos ladrões de veículos de Sertãozinho é mesmo o furto. Dos 281 carros alvos de bandidos entre janeiro e setembro, 271 foram furtados e só dez, roubados.
A onda de furtos é tão grande na cidade que até quem não teve o carro levado por ladrões às vezes se confunde.
É o caso de Roberta Celete, 28, que registrou queixa de furto em 5 de dezembro na DIG, durante as comemorações do aniversário da cidade, quando havia grande concentração de carros nas ruas centrais.
"No dia seguinte, olhamos melhor e achamos o carro. Eu tinha estacionado em outro local", afirmou.


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