Ribeirão Preto, Domingo, 04 de Fevereiro de 2001

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CRISE CARCERÁRIA 3

Grupo tem ramificações em Vila Branca e na cadeia 2, além dos presídios de Ribeirão e Araraquara

PCC domina penitenciárias da região

DA REDAÇÃO, EM RIBEIRÃO

O PCC (Primeiro Comando da Capital) domina as cadeias da região. Antes vistas de longe, as facções criminosas nas unidades prisionais já se tornaram comuns, especialmente nas Penitenciárias de Ribeirão Preto e de Araraquara.
Tendo sua existência negada pelas autoridades policiais por muito tempo, a facção, oficialmente fundada em 1993, possui cerca de 480 integrantes, sendo pelo menos 20 na região, espalhados na capital e no interior.
O PCC prega e incentiva, por meio de um estatuto (veja quadro ao lado), rebeliões a qualquer custo. Extorsões, assaltos, tráfico de drogas e até assassinatos são comuns ao "partido" -como é chamado por seus membros.
A facção -que exige lealdade, respeito e paz- é considerada por detentos que não integram a organização o terceiro grande mal das prisões, atrás apenas das drogas e da superlotação.
"Apesar de muita gente negar, o PCC existe e é comprovado que tem muita força", disse o delegado da Polícia Federal de Ribeirão Wilson Alfredo Perpétuo.
Além das penitenciárias, há membros do PCC nas cadeias de Vila Branca e unidade 2, em Ribeirão. O "partido" comandou pelo menos quatro grandes operações de resgate e assalto a bancos na região nos dois últimos anos -inclusive o resgate de cinco detentos na penitenciária de Araraquara, ocorrido no último final de semana (leia texto nesta página).
"Eles (PCC) atuam em todos os ramos da criminalidade, mas a maior participação ocorre em assaltos a bancos. É mais fácil, já que o dinheiro entra "limpo", ao contrário do tráfico de drogas", afirmou Perpétuo.
Já o coronel aposentado da PM José Vicente da Silva Filho, do Instituto Fernand Braudel, acredita na existência de organizações criminosas -mas não em seu alcance nos presídios.
"Se fora da cadeia, para se controlar uma organização, é difícil, imagine lá dentro. A não ser que o sistema de comunicação deles seja muito sólido, fica difícil."
De acordo com Silva Filho, o que ocorre com frequência é o domínio de unidades prisionais. "Os presos acabam sendo transferidos e levam a experiência de dominação de um lugar para o outro."
Oficialmente, o líder do PCC é o detento Edmir Carlos Ambrósio, 40, conhecido como "Sombra", preso no pavilhão 8 da Casa de Detenção do Carandiru, de onde comanda a organização.
Por causa do domínio do PCC nas penitenciárias, o sindicato dos funcionários articula uma paralisação no Estado. Além da falta de segurança motivada pela organização, o baixo salário também é um dos motivos para a greve da categoria.

Outros grupos
Não é só o PCC que comanda as penitenciárias do Estado. Outro grupo considerado forte pela polícia é o CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade), que, a exemplo de seu rival, também possui estatuto.
O principal ponto do estatuto, segundo a Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo), é a disposição em brigar com o PCC, em qualquer prisão, pelo controle da unidade. O CRBC também não aceita traição e obriga os membros a fazerem doações em dinheiro para resgate em prisões.
Além desse, outro grupo que atua nas prisões é o Seita Satânica. Não há registros oficiais das presenças desses grupos nas cadeias ou penitenciárias da região de Ribeirão Preto. (MARCELO TOLEDO)


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