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CRISE CARCERÁRIA 3
Grupo tem ramificações em Vila Branca e na cadeia 2, além dos presídios de Ribeirão e Araraquara
PCC domina penitenciárias da região
DA REDAÇÃO, EM RIBEIRÃO
O PCC (Primeiro Comando da
Capital) domina as cadeias da região. Antes vistas de longe, as facções criminosas nas unidades prisionais já se tornaram comuns,
especialmente nas Penitenciárias
de Ribeirão Preto e de Araraquara.
Tendo sua existência negada
pelas autoridades policiais por
muito tempo, a facção, oficialmente fundada em 1993, possui
cerca de 480 integrantes, sendo
pelo menos 20 na região, espalhados na capital e no interior.
O PCC prega e incentiva, por
meio de um estatuto (veja quadro
ao lado), rebeliões a qualquer custo. Extorsões, assaltos, tráfico de
drogas e até assassinatos são comuns ao "partido" -como é chamado por seus membros.
A facção -que exige lealdade,
respeito e paz- é considerada
por detentos que não integram a
organização o terceiro grande mal
das prisões, atrás apenas das drogas e da superlotação.
"Apesar de muita gente negar, o
PCC existe e é comprovado que
tem muita força", disse o delegado da Polícia Federal de Ribeirão
Wilson Alfredo Perpétuo.
Além das penitenciárias, há
membros do PCC nas cadeias de
Vila Branca e unidade 2, em Ribeirão. O "partido" comandou
pelo menos quatro grandes operações de resgate e assalto a bancos na região nos dois últimos
anos -inclusive o resgate de cinco detentos na penitenciária de
Araraquara, ocorrido no último
final de semana (leia texto nesta
página).
"Eles (PCC) atuam em todos os
ramos da criminalidade, mas a
maior participação ocorre em assaltos a bancos. É mais fácil, já que
o dinheiro entra "limpo", ao contrário do tráfico de drogas", afirmou Perpétuo.
Já o coronel aposentado da PM
José Vicente da Silva Filho, do
Instituto Fernand Braudel, acredita na existência de organizações
criminosas -mas não em seu alcance nos presídios.
"Se fora da cadeia, para se controlar uma organização, é difícil,
imagine lá dentro. A não ser que o
sistema de comunicação deles seja muito sólido, fica difícil."
De acordo com Silva Filho, o
que ocorre com frequência é o domínio de unidades prisionais. "Os
presos acabam sendo transferidos
e levam a experiência de dominação de um lugar para o outro."
Oficialmente, o líder do PCC é o
detento Edmir Carlos Ambrósio,
40, conhecido como "Sombra",
preso no pavilhão 8 da Casa de
Detenção do Carandiru, de onde
comanda a organização.
Por causa do domínio do PCC
nas penitenciárias, o sindicato
dos funcionários articula uma paralisação no Estado. Além da falta
de segurança motivada pela organização, o baixo salário também é
um dos motivos para a greve da
categoria.
Outros grupos
Não é só o PCC que comanda as
penitenciárias do Estado. Outro
grupo considerado forte pela polícia é o CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade), que, a exemplo de seu rival,
também possui estatuto.
O principal ponto do estatuto,
segundo a Coesp (Coordenadoria
dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo), é a
disposição em brigar com o PCC,
em qualquer prisão, pelo controle
da unidade. O CRBC também não
aceita traição e obriga os membros a fazerem doações em dinheiro para resgate em prisões.
Além desse, outro grupo que
atua nas prisões é o Seita Satânica.
Não há registros oficiais das presenças desses grupos nas cadeias
ou penitenciárias da região de Ribeirão Preto.
(MARCELO TOLEDO)
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