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O PODER DO CRIME
Ex-mulher do Sombra, que começou com pequenos furtos, está casada hoje com um policial da região
Líder do PCC ganha neta em São Carlos
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
Quem for a São Carlos e perguntar por Idemir Carlos Ambrósio
-o Sombra, apontado como o
principal líder do PCC (Primeiro
Comando da Capital) e que cumpre pena em Taubaté-, pode se
surpreender com a resposta.
Ao contrário do que muitos
possam imaginar, Ambrósio era
conhecido como uma pessoa
educada, inteligente, prestativa e
trabalhava honestamente como
garçom, segundo sua ex-mulher,
que não quer ser identificada.
"Eu não conheço aquela pessoa
que falam na televisão", disse Fátima (nome fictício).
Quando começou na vida do
crime, sua fama era de um ladrão
"pé-de-chinelo", que praticava
pequenos furtos no bairro Jardim
Bandeirantes, periferia da cidade.
O apelido surgiu naquela época,
quando era praticamente desconhecido em São Carlos, segundo
alguns moradores que conviveram com ele no período -até o
início da década de 1980.
Fátima e Ambrósio se conheceram em 1979 e o relacionamento
durou pouco mais de um ano
-tempo suficiente para o nascimento de uma criança.
Por ironia do destino, a ex-mulher de Sombra -depois de viver
ao lado de criminoso- está casada hoje com um policial de São
Carlos, com quem teve outros
dois filhos. "Estou casada há 19
anos e ele é policial há 12 (anos).
Quando eu o conheci, ele era funcionário público."
Ambrósio viu a filha poucas vezes -uma ou duas vezes, segundo a mãe-, quando já estava preso. "Eles se correspondiam muito
por meio de cartas e ela chegou a
visitá-lo", afirmou.
Hoje com 21 anos, a filha de
Ambrósio tornou-se mãe há dez
dias. "Ela sofreu muito com a ausência do pai. Hoje não toca mais
no assunto", disse.
Mesmo com o destaque que seu
ex-marido ganhou nos jornais,
Fátima disse que nunca chegou a
conversar com a filha sobre o assunto. "Não é que ele morreu para
nós, pois é, afinal, o pai dela. Como eu disse, eu não conheço
aquela pessoa", disse.
A ex-mulher do Sombra afirma
que o motivo da separação do casal não foi o ingresso do líder do
PCC ao mundo do crime. "Não
deu certo por outros motivos.
Éramos muito crianças -eu, 17
(anos), e ele, 18 (anos)- e chegou
um ponto que não deu mais."
Fátima disse que não tem o menor desejo de falar com o Sombra,
mas o aconselharia a refletir melhor sua posição . "Sei lá. Acho
que falaria para que criasse juízo."
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