Ribeirão Preto, Quarta-feira, 04 de Agosto de 2010

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Câmara decide "inocentar" Italiano

Em sessão que durou cerca de seis horas, vereadores rejeitaram comissão contra prefeito e vice de Bebedouro

Seis votos foram a favor de investigação contra o prefeito, mas abertura de comissão exige sete votos de vereadores


HÉLIA ARAUJO
ENVIADA ESPECIAL A BEBEDOURO

A Câmara de Bebedouro rejeitou na madrugada de ontem a proposta de abertura de uma CP (Comissão Processante) contra o prefeito João Batista Bianchini, o Italiano (PV), e o seu vice, João Gustavo Spido (sem partido).
As investigações da comissão poderiam levar Italiano e Spido à cassação.
A sessão teve duração de cerca de seis horas, e cinco denúncias contra prefeito e vice foram lidas e votadas. Seis vereadores votaram a favor da abertura da CP, mas, segundo o regimento da Casa, seriam necessários pelo menos sete votos.
O primeiro pedido de cassação contra Italiano foi de Ari Alves de Souza Filho, ex-candidato a vereador da coligação que elegeu o prefeito em 2008.
Impedido de entrar para assistir à votação, Souza estava revoltado com a situação. "Onde já se viu uma coisa dessas? É um absurdo eu não poder assistir à minha própria denúncia."
As denúncias contra Italiano foram apresentadas com base nas investigações feitas pela Promotoria e pela polícia, em decorrência da Operação Cartas Marcadas, em maio, que culminou com a prisão de integrantes do governo sob acusação de fraudes em licitações.
Boa parte das galerias da Câmara estava ocupada por pessoas ligadas ao prefeito.
Segundo a Folha apurou, durante a tarde já havia uma fila de pessoas, a maioria de origem humilde, em frente ao Legislativo, pois só haveria 66 lugares.
Pouco antes de a sessão começar, os ocupantes da fila foram substituídos por pessoas ligadas a Italiano, quase todos assessores.
Eles usavam adesivos com frases ""Italiano vamos à luta", "Italiano estamos com você" e "Amo Bebedouro estou com Italiano".
Quem não conseguiu entrar se revoltou. "Armaram para que a população que não concorda com as atitudes do prefeito não assistisse", disse o comerciante José Laurindo de Souza, 42.
A demora na leitura das denúncias, porém, fez com que nem todos os aliados de Italiano aguentassem. Por volta da 0h, cerca de dez pessoas dormiam nas galerias. A sessão só terminou às 2h30.
Para evitar tumultos perto da Câmara, a rua foi fechada e policiais fizeram a segurança. O telão que ficaria em frente à Casa não foi colocado por ordem da PM.
O presidente da Câmara, José Baptista de Carvalho Neto (PDT), o Chanel, também teve duas denúncias contra ele protocoladas e lidas durante a sessão.
Em uma delas, Italiano o acusava de manobrar para assumir a prefeitura. A leitura das denúncias levou cerca de duas horas e ambas também foram rejeitas pelos vereadores.


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