Ribeirão Preto, Domingo, 4 de outubro de 1998

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Bares que servem picanha, cupim e outros tipos de carne se multiplicam em Ribeirão Preto e começam a tomar o lugar dos tradicionais "peixinhos"
Prazeres da carne

da Reportagem Local

Depois de passar pela moda dos bares de peixe, que quase transformaram a cidade em uma verdadeira "praia", Ribeirão vive agora a febre dos bares especializados em picanha e cupim, carnes nobres que estão se popularizando a cada dia.
Só na avenida Presidente Vargas, a que concentra o maior número de bares, existem atualmente cinco casas funcionando muito próximas uma das outras que servem a picanha e também o cupim como pratos principais.
Entre os proprietários e clientes dos bares e restaurantes da área, a afirmação mais frequente é a de que as pessoas estão procurando locais onde possam comer com simplicidade, fartura e, principalmente, sem gastar muito.
"Em uma época de crise como a que estamos passando, as pessoas querem jantar em locais que ofereçam opções mais caseiras. A carne, nesse sentido, é uma comida prática e que, mesmo no inconsciente das pessoas, lembra uma coisa natural", disse Kléber Gui, um dos proprietários do bar e restaurante Klebão & Daniel Picanha.
Para o catarinense Paulo Benini, proprietário do restaurante Picanha e Cia. e que, há cerca de um ano, trabalhava de garçom em um bar que servia porções de peixe, a população de Ribeirão tem um bom paladar para comer carnes.
"Era um gosto que estava escondido ou ainda não tinha sido totalmente descoberto", disse.
Segundo ele, que chegou a Ribeirão Preto há menos de três anos, a tendência é aumentar o número de bares e restaurantes especializados em carne na cidade.
"Tenho certeza que a concorrência tende a aumentar. Quem não conseguir agradar o cliente, certamente terá dificuldades em se estabelecer no mercado", disse.
A concorrência está até fazendo com que bares que antes se especializavam em outras opções agora tenham entre seus pratos principais a picanha e o cupim. Esse é o caso do Bar do Meio, que está se especializando nesse tipo de prato.
"A picanha, o cupim e o pernil são novidades para bares aqui em Ribeirão. As pessoas estão aceitando muito bem, principalmente as porções na brasa", disse Elisabete Gravine, proprietária da casa.
Segundo os "churrasqueiros", não existe segredo para o preparo da carne. "A picanha tem que ser colocada no calor, sem chegar muito perto da brasa", disse João Batista Benini, que trabalha no Klebão & Daniel Picanha.
"O pessoal tem de saber cortar bem a carne e colocar o sal no ponto certo", explica José Pedro Martinez, "churrasqueiro" há 25 anos.
Um local que está atraindo cada vez mais pessoas fora do "circuito da picanha" em Ribeirão é o bar Cupim na Nove, na avenida Nove de Julho, que se inspirou em uma churrascaria de Araçatuba para conquistar sua freguesia. "Ribeirão tinha muito bar que servia peixe, mas não tinha cupim e outros tipos de carne. Acredito que o churrasco casa muito bem com o chope, que é a principal atração da cidade", disse o proprietário Luiz Antonio Prado.
Para o empresário Zener Marasco, a picanha e o cupim têm a ver com o próprio ambiente da cidade. "Queriam transformar Ribeirão em uma cidade de praia, mas a grande característica do interior é a carne e a cerveja", disse.
Já para o produtor independente Célio Alves, que frequenta restaurantes de picanha todas as semanas, poucos bares conseguirão resistir ao "modismo". "Só vai se sobressair quem conseguir conquistar o cliente", disse.



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