Ribeirão Preto, Sexta-feira, 04 de Dezembro de 2009

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Ribeirão muda cálculo e "zera" deficit verde

Censo da prefeitura aponta que município tem 26 m2 de área verde per capita, ante os 4,4 m2 divulgados pela gestão tucana

Para a presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, estudo atual não mostra a realidade de Ribeirão


Silva Junior/Folha Imagem
Vista geral da av. da Saudade, que apresenta deficit de área verde, a partir da rua Saldanha Marinho (região central de Ribeirão)

LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Utilizando uma metodologia diferente, a Prefeitura de Ribeirão Preto conclui que a cidade tem 26 m2 de área verde por habitante, contrariando o estudo anterior que mostrava um grande passivo verde.
Na administração passada, do tucano Welson Gasparini, um inventário apontou números bem diferentes: 4,4 m2 de áreas verdes efetivamente implantadas per capita.
O número era bem inferior ao patamar mínimo de 12 m2 que é preconizado pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana e pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O secretário do Meio Ambiente de Ribeirão, Joaquim Rezende, disse que os números são diferentes porque o levantamento anterior só considerava áreas verdes e praças onde houve intervenção pública.
Agora, ele afirma que o estudo incluiu todas as áreas de preservação, além de remanescentes de áreas nativas nas zonas urbana e de expansão. "Entendemos que toda vegetação colabora para o conforto ambiental e, por isso, tem que ser contabilizada."
Segundo Rezende, o cálculo atual seguiu critérios definidos pelo Estado para o programa Município Verde Azul.
"Não existe um deficit verde, o que se pode dizer é que, como Ribeirão é uma cidade quente, necessita de uma metragem [de área verde] per capita superior à de outras regiões."
O novo estudo considerou um censo sobre o número de árvores existentes nas calçadas, que detectou que 40% de um total de 173 mil casas e lojas construídas são arborizadas.
A mudança que fez a área verde do município "aumentar" consideravelmente de um governo para o outro é motivo de discórdia. Rezende disse que áreas como a USP, o bosque e a mata de Santa Tereza não haviam sido contabilizadas no estudo anterior.
O ex-diretor de Gestão Ambiental da administração Gasparini, José Luiz Barbieri, contesta e diz que a USP e o bosque foram, sim, incluídos no inventário feito antes. Segundo Barbieri, atual secretário do Meio Ambiente de Uberaba (MG), só a mata de Santa Tereza não entrou no levantamento porque estava fora da área urbana.
Em números aproximados, Barbieri disse que o inventário apontou que Ribeirão tinha 17,8 m2 por habitante de áreas reservadas para o verde, dos quais pouco mais de 4 m2 estavam efetivamente implantados e 3,4 m2, semi-implantados. Ou seja, números bem distantes dos 26 m2 de agora.
Para o ex-secretário do Meio Ambiente na administração Gasparini, Genésio de Paula e Silva, o estudo atual está mais perto da realidade de Ribeirão.
Já a presidente do Comdema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente), Simone Kandratavicius, afirmou que os 26 m2 de área verde do censo de agora contrariam a realidade observada na cidade.
"Não sabemos exatamente a base de cálculo desse levantamento que eles fizeram."
O promotor do Meio Ambiente, Marcelo Pedroso Goulart, não foi encontrado.


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