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Contra dengue, Ribeirão arromba 1ª casa
Larvas do mosquito foram achadas em imóvel que era usado como depósito de lixo no bairro Ipiranga
DA FOLHA RIBEIRÃO
Com aval da Justiça, a Prefeitura de Ribeirão Preto fez ontem o primeiro arrombamento
de imóvel para combater a dengue, que já atingiu 2.314 pessoas somente neste ano na cidade. Foi preciso o auxílio de
um chaveiro para que o oficial
de Justiça e os agentes do Controle de Vetores entrassem no
imóvel, no bairro Ipiranga.
A dona da casa "invadida"
não foi localizada, pois, segundo a prefeitura e os vizinhos, ela
não mora no endereço. O local
era usado apenas como depósito -o quintal e os quatro cômodos estavam cheios de lixo.
O cheiro forte que exalava de
dentro da casa obrigou os agentes a usar máscaras. No banheiro, foram encontradas larvas do
mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Os agentes
retiraram dois caminhões repletos de sujeira -o trabalho
continua hoje. "É uma situação
insalubre, em uma região onde
há muitos focos", disse a chefe
do Controle de Vetores, Cristina O'Grady Lima.
Quando os agentes começaram a remover o lixo de dentro
da casa, ratos, baratas e escorpiões surgiram. A aposentada
Clarice Cruz, 65, vizinha do
imóvel, se apressou em tampar
um ralo para evitar que os bichos entrassem em sua casa.
Cruz, que já teve dengue há
dois anos, disse que o problema
é antigo. "Ela [dona da casa]
chega sempre cheia de sacolas,
revira o lixo dos vizinhos, pega
tudo o que encontra."
Na liminar concedida pelo
juiz Júlio César Spoladore Dominguez, o imóvel aparece como sendo de propriedade de
Catarina Luiza Guaitili. O oficial de Justiça Aparecido Donizeti Silva disse que vai tentar
localizá-la. A Folha também
não conseguiu falar com ela.
Segundo a Secretaria da Saúde, existem cerca de mil imóveis nas mesmas condições.
Também ontem, os agentes
do Controle de Vetores vistoriaram, acompanhados de um
oficial de Justiça, a borracharia
FBM Pneus, na avenida Costa e
Silva. "A empresa não barra o
acesso, mas recorremos à Justiça porque em todas as vistorias encontramos criadouros",
disse Lima. Ontem, os agentes
voltaram a encontrar larvas.
Agora, o dono do imóvel terá
que eliminar os criadouros em
dez dias, sob risco de multa de
R$ 1.000 por dia. Procurado no
local, o dono da empresa não
quis falar.
(LEANDRO MARTINS)
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