|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESTRADAS
Flagelados da seca alugaram caminhão para receber cestas básicas em Pernambuco
Acidente mata 3 e fere 37 lavradores
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
Um acidente com um caminhão
que transportava ilegalmente 60
flagelados da seca deixou ontem
três mortos e 37 feridos em uma
estrada vicinal de Bonito (PE).
Os flagelados saíram às 6h do
distrito de Guarantama, para ir ao
centro urbano do município de
Bonito (128 km a sudoeste de Recife).
Para percorrer a distância de 22
quilômetros, os lavradores alugaram um caminhão F-4000.
Eles iriam a Bonito receber cestas
básicas doadas pelo programa de
combate à seca do governo federal.
Cerca de 30 minutos depois, o eixo dianteiro do caminhão que
transportava os flagelados se soltou, provocando o acidente.
"Ainda capotamos na estrada até
cair no buraco com mais de 30 metros de profundidade", afirmou o
lavrador João Batista da Silva, que
sofreu apenas arranhões.
Todos os passageiros estavam na
carroceria do caminhão, que não
tinha nenhum banco nem proteção. Transportar pessoas na traseira de um veículo sem acomodações e proteção adequadas é uma
transgressão das normas do Código de Trânsito Brasileiro.
"Vi meu filho caindo com o caminhão no buraco e o corpo dele
estendido no chão. Mas só soube
que ele morreu no hospital. A desgraça só não foi maior porque
muitos não foram para o buraco
junto com o caminhão", afirmou
Silva, cujo filho João, 23, morreu
no acidente.
O subcomandante do Destacamento da Polícia Militar em Bonito, sargento Edval Félix Vieira da
Silva, disse que o motorista, que teria cobrado R$ 1,00 pelo transporte
de cada pessoa, fugiu do local e está sendo procurado.
"Não sabemos o nome certo do
motorista, mas ele vai responder
processo por ter colocado a vida
das pessoas em risco e pode pegar
até quatro anos de prisão", disse.
Os outros dois mortos no acidente foram Maria Santiago da Silva e
Luciano Ferreira de Lima. A filha
de Maria Santiago, Maria do Carmo, 22, também estava no caminhão, apesar de estar grávida de
cinco meses.
"Graças a Deus estou viva, mas
minha mãe morreu no buraco.
Tanta desgraça por uma cesta de
comida. É o fim do mundo", afirmou Maria do Carmo, após receber alta médica do hospital de Bonito. Ela foi uma das 12 pessoas
com ferimentos considerados leves que foram atendidas no hospital de Bonito.
As 25 pessoas consideradas gravemente feridas foram transferidas para o hospital Regional do
Agreste, em Caruaru (PE), e para
outros dois hospitais em Recife
(PE).
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|