Ribeirão Preto, Domingo, 05 de Dezembro de 2010

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Região tem 91 presos com Aids; faltam médicos nas unidades

Há presídios em que o profissional só vai uma vez por mês; outros não têm dentista

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

Pelo menos 91 presos nas penitenciárias de Ribeirão Preto e de Serra Azul estão com Aids. As unidades ainda abrigam 62 detentos com hepatite, 22 com tuberculose e 26 com doenças sexualmente transmissíveis.
São 201 pessoas com doenças infectocontagiosas. O número representa 3,5% do total de presos na região (veja quadro ao lado).
Segundo o Ministério Público Estadual, faltam profissionais de saúde para tratar desses presos. Algumas unidades não têm nenhum farmacêutico ou dentistas e outras contam com médicos apenas uma vez por mês.
O levantamento foi apresentado anteontem de manhã de durante o fórum Saúde no Sistema Prisional, organizado pela Secretaria da Saúde, Promotoria e SAP (Secretaria de Estado da Administração Penitenciária).
De acordo com a diretora do núcleo regional de saúde da SAP, Maria Laura Carneiro Volpato, a maior preocupação é com a incidência de Aids e de tuberculose.
"Ainda temos muitos casos nas unidades. O problema é que essas doenças encontram um ambiente propício para transmissão e disseminação", disse.
Volpato afirma ainda que presos com doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, também estão presentes nas unidades.
"Não podemos olhar só para um lado. Essas doenças crônicas também são importantes e devem ser tratadas de forma adequada."
A falta de médicos e de profissionais da saúde, no entanto, impedem que o atendimento aos presos seja considerado eficiente.
Segundo o promotor da Cidadania, Sebastião Sérgio da Silveira, a responsabilidade é do Estado e isso não vem sendo cumprido.
"É inadmissível que os presídios do Estado tenham apenas um médico, que faz atendimento de plantão semanal ou mensal nas unidades. É direto desses detentos de ter assistência digna e eficiente", disse.
Na penitenciária masculina 2 de Serra Azul um dentista foi contratado pelos próprios presos, que pagam pelas consultas.
Segundo o secretário da Saúde de Ribeirão, Stenio Miranda, a pasta está fazendo um projeto para organizar uma equipe para atuar nas unidades prisionais.
"A nossa intenção é ter essa equipe, em parceira com uma OS [Organização Social] ou uma Oscip [Organização da Sociedade Civil de Interesse Público], para assim atender a necessidade desses presos da nossa região."
Uma das opções é a parceria com a Faepa (Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência), do Hospital das Clínicas de Ribeirão.
"Como não é de responsabilidade do município, esperamos que o projeto seja aprovado pelo Estado."


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