Ribeirão Preto, Sábado, 06 de Fevereiro de 2010

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Araraquara vê "caos" em sistema de saúde

Cidade tem falta de médicos em unidades de saúde após Instituto Acqua deixar gestão; Santa Casa fica "sobrecarregada'

Além de problemas no atendimento a pacientes, Araraquara passou o dia todo com indefinições sobre a situação na saúde

Silva Junior/Folha Imagem
O balconista Edson Mauro, na frente da Santa Casa, aguarda notícias sobre parto de sua mulher

JEAN DE SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A ARARAQUARA

No primeiro dia após a saída da Oscip Instituto Acqua da gestão de quatro unidades de saúde de Araraquara, faltaram médicos para atender a população e sobraram pacientes para a Santa Casa. Além da falta de atendimento, a cidade viveu um dia de indefinição política sobre a situação da saúde.
Às 14h de ontem, a dona de casa Sandra Regina Ribeiro, 45, esperava notícias sobre o marido na Santa Casa. Treze horas antes, ele buscou atendimento por causa de fortes dores estomacais no PS da Vila Melhado, o maior administrado pela prefeitura. Segundo ela, por falta de plantonistas no posto, o marido foi encaminhado para a Santa Casa.
No mesmo horário, o balconista Edson Mauro aguardava notícias da mulher desde às 10h. "Não consigo saber se ela já foi atendida", disse.
Um socorrista do Samu que não quis ser identificado disse que pacientes sem gravidade, levados normalmente para o Melhado, estavam sendo internados na Santa Casa, o que dificultava o atendimento. A sobrecarga foi confirmada por um funcionário da Santa Casa, mas negado pela assessoria.
No PS da Vila Melhado, só dois médicos atendiam à tarde, ante ao menos seis durante a gestão do Acqua -o instituto disse que voltará a atender, mas não garante a qualidade (leia texto nesta página).
Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região, Valdir Teodoro Filho, a situação só não se tornou caótica no Melhado porque a prefeitura "represou" urgências e pediu que os pacientes fossem à Santa Casa. "[Fez isso] Para dizer que não há problema."
A debandada do Acqua aconteceu três dias após o prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) assinar um TAC com a Promotoria para por fim à parceria com o instituto. Como o prazo para o fim da gestão do PS Melhado, PS Vila Xavier e Núcleos Integrados de Saúde do Selmi Dei e Iguatemi era de 30 dias, a prefeitura foi surpreendida com a falta de médicos.
Vereadores da base de Barbieri foram à Promotoria pedir que o TAC fosse reconsiderado, ao menos até a prefeitura ter condições de fazer concurso para contratar médicos.
À tarde, o promotor Raul de Mello Franco Júnior divulgou nota em que diz que irá determinar que o Acqua reassuma as funções até o fim do prazo estipulado pelo TAC, sob pena de ser processado e perder seu registro. Porém, não recuou do TAC. Barbieri também soltou nota com o mesmo teor, à noite.


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