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SOB SUSPEITA 2
Propostas de pagamento por corpos chegam a R$ 10 mil, diz responsável pelo serviço de doação em Ribeirão
Funcionários de SVO são "assediados"
DA FOLHA RIBEIRÃO
Funcionários do SVO (Serviço
de Verificação de Óbitos) de Ribeirão Preto são assediados com
frequência por faculdades que
buscam a doação ilegal de corpos
de indigentes para estudo.
A informação é da responsável
pelo órgão, Carmen Cinira Santos
Martin, que não quis apontar os
nomes dos responsáveis. "O que
não pode ser provado, não deve
ser falado", disse.
Ainda segundo ela, os funcionários comunicaram o fato e disseram que as propostas chegavam a
R$ 10 mil. Em Franca, a polícia investiga um suposto comércio por
cerca de R$ 3.000.
Carmen disse também que nunca foi assediada, possivelmente,
pelo fato ter a fama de "brava".
"Quando eu fico brava, eu me
transformo", disse.
Para evitar qualquer tipo de irregularidade, todo o processo de
chegada e sepultamento dos corpos não-reclamados (família desconhecida) é acompanhado de
perto por ela.
"Eu vou lá no cemitério e vejo o
número da cova, o lote e todas as
informações do local onde [os
corpos] foram enterrados. E ainda falo para os coveiros que eu
posso voltar a qualquer momento
e verificar se eles estão lá ainda.
Não é obrigação do SVO, mas eu
faço", afirmou Carmen.
Além do acompanhamento, a
responsável pelo SVO, que é professora de medicina legal e de ética profissional da USP, possui um
arquivo com todas as pessoas enterradas pelo serviço.
Nesse cadastro estão todas as
informações necessárias para o
reconhecimento das famílias, algo
inédito na cidade até então.
A Unifran (Universidade de
Franca), uma das faculdades investigadas pela polícia de Franca,
afirmou que as peças (partes de
corpos) conseguidas para o estudo de seus alunos vêm de convênios com outras faculdades, como
a USP.
De acordo com Carmen, a USP
não possui convênio com outras
universidades, e a doação de partes do cadáver é proibida por lei.
"A USP não tem esse convênio."
Quanto à Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto), outra instituição investigada pela polícia,
Carmen afirma que é uma das faculdades da região que têm mostrado maior interesse em obedecer as normas vigentes e em ajudar o órgão. "Eles procuram trabalhar no maior rigor da lei."
A assessoria da Unifran informou que a instituição não iria comentar o assunto. Procurada pela
reportagem, a Unaerp não deu
resposta até o fechamento da edição.
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