Ribeirão Preto, Sexta, 6 de agosto de 1999

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CRISE
Prefeito, que parcelou salário de servidor inativo, sai pela porta dos fundos durante manifestação
Jábali 'foge' de protesto de aposentados

Lucio Piton/Folha Imagem
Servidores aposentados em frente ao Palácio Rio Branco, no centro de Ribeirão, reclamando a liberação integral dos salários


da Folha Ribeirão

O prefeito Luiz Roberto Jábali (PSDB) teve de usar a porta dos fundos da prefeitura, ontem, para escapar de um protesto de servidores aposentados que ficaram sem o salário integral.
Logo de manhã, cerca de 30 pessoas -aposentados e pensionistas- cercaram as saídas do Palácio Rio Branco, no centro.
Jábali saiu da prefeitura por volta das 10h30, enquanto os manifestantes subiam as escadas da porta principal, pensando que seriam atendidos pelo próprio prefeito. No gabinete, eles foram recebidos pelo chefe da Casa Civil, Osvaldo Ceoldo.
"Não fugi de ninguém. Tinha um compromisso e vou atendê-los depois", disse.
Jábali participou, às 11h, da abertura da Feapam (Feira Agropecuária da Alta Mogiana).
O Sindicato dos Servidores Municipais prepara uma ação judicial na qual pede o sequestro de verbas do município. O pedido deverá ser protocolado hoje no fórum de Ribeirão.
"O prefeito precisa priorizar o pagamento do funcionalismo municipal, que depende disso para comer e pagar as contas", afirmou o presidente da entidade, Nelson Barbosa da Silva.
Os cerca de 2.300 aposentados e inativos receberam ontem somente 30% dos vencimentos. O restante da folha deverá ser pago até o próximo dia 20.
Segundo a Secretaria Municipal da Fazenda, não havia dinheiro para pagar os servidores.
Ontem, a prefeitura liberou cerca de R$ 2,6 milhões -30% da folha dos inativos- e deverá pagar parcialmente hoje os salários dos demais servidores.

Efeitos
A aposentada Genior Amália Kassineska, 62, passou mal na frente da prefeitura durante o protesto dos servidores.
"Devo R$ 600 no banco e, o pouco que recebi, vai ficar preso lá. Como vou pagar minhas contas?"
A aposentada afirmou que está recorrendo a empréstimos bancários para comprar remédios para a filha que tem câncer.
"É um absurdo não receber o meu salário. O que vou fazer agora?", afirmou. A filha dela, doente, está desempregada.
Aposentados e pensionistas levaram o caso para o promotor da Cidadania Carlos Cezar Barbosa.
"Conversei com o prefeito e ele se comprometeu a pagar tudo até o próximo dia 20", disse. A Promotoria está tentando intermediar um acordo.
Jábali confirmou que pagou precatório de R$ 400 mil. "Mesmo se conseguirem o sequestro do dinheiro na Justiça, não há o que ser bloqueado. A prefeitura não tem dinheiro", afirmou o prefeito.



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