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Barretos investiga quadrilha que frauda atestados médicos
Delegado seccional diz que médicos vendem atestado por R$ 10 para um dia de afastamento das funções na cidade
Presidente da associação comercial afirma que o problema atinge todos
os mil associados da entidade no município
DA FOLHA RIBEIRÃO
O excesso de afastamento de
funcionários por problemas de
saúde levou o delegado seccional de Barretos, João Osinski
Júnior, a instaurar inquérito
para investigar a formação de
uma suposta quadrilha na cidade que falsifica e comercializa
atestados médicos.
De acordo com o delegado,
em Barretos seis carcereiros
estão de licença médica, o que
tem obrigado funcionários de
Ribeirão Preto a se deslocar para ajudar no trabalho.
"Quando é removido de função ou de unidade, no dia seguinte a pessoa aparece aqui
com atestado. É um número
muito alto e tem sido constante. Sei de caso que a alegação
médica não condiz porque o sujeito está saudável", disse o delegado, responsável por 258
funcionários em dez municípios da região.
Segundo apurou o delegado,
o custo do atestado varia conforme os dias abonados. "Há lugares em que o médico cobra
R$ 10 por um dia e R$ 80, por
oito." Ele disse ainda que o problema não é somente em sua
área, pois o mesmo artifício
tem sido utilizado por funcionários do comércio.
"As empresas de Barretos relatam a mesma coisa. É preciso
moralizar a forma como esse
atestado é concedido", disse.
De acordo com o presidente
da Acib (Associação Comercial
e Industrial de Barretos), Luiz
Carlos Silva, o problema é antigo. "Há dois anos, tivemos relato de uma empresa que tinha
1.500 funcionários e, em média,
recebia 172 atestados médicos
por dia. O problema é que neste
ano extrapolou."
Silva disse que todos os mil
associados já se queixaram do
total elevado de licenças médicas. "O funcionário traz um
atestado, fica até 13 dias afastado, volta ao trabalho e, dias depois, aparece com um outro pedido médico", disse.
De acordo com Osinski Júnior, as denúncias apontam
que há médicos e também enfermeiras envolvidas no esquema de atestados falsos. A apuração indica que a fraude é feita
tanto por servidores públicos
quanto por profissionais da rede particular.
"Isso se tornou tão popular
na cidade que, na semana passada, uma empregada doméstica foi demitida na sexta-feira e
apresentou atestado com data
do dia 3 de novembro, ou seja,
ela antecipou uma doença. Para
piorar a situação, a licença dizia, inclusive, que ela tinha realizado vários exames que comprovavam a necessidade do
afastamento", disse.
No caso de servidor da prefeitura ou do Estado, o crime é
de falsidade ideológica e a pena
pode chegar a cinco anos de prisão. Os médicos podem responder por falso atestado e a pena
pode chegar a três anos de detenção. O funcionário também
responde por usar documentos
falsos.
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