Ribeirão Preto, Sexta-feira, 06 de Novembro de 2009

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Barretos investiga quadrilha que frauda atestados médicos

Delegado seccional diz que médicos vendem atestado por R$ 10 para um dia de afastamento das funções na cidade Presidente da associação comercial afirma que o problema atinge todos os mil associados da entidade no município

DA FOLHA RIBEIRÃO

O excesso de afastamento de funcionários por problemas de saúde levou o delegado seccional de Barretos, João Osinski Júnior, a instaurar inquérito para investigar a formação de uma suposta quadrilha na cidade que falsifica e comercializa atestados médicos.
De acordo com o delegado, em Barretos seis carcereiros estão de licença médica, o que tem obrigado funcionários de Ribeirão Preto a se deslocar para ajudar no trabalho.
"Quando é removido de função ou de unidade, no dia seguinte a pessoa aparece aqui com atestado. É um número muito alto e tem sido constante. Sei de caso que a alegação médica não condiz porque o sujeito está saudável", disse o delegado, responsável por 258 funcionários em dez municípios da região.
Segundo apurou o delegado, o custo do atestado varia conforme os dias abonados. "Há lugares em que o médico cobra R$ 10 por um dia e R$ 80, por oito." Ele disse ainda que o problema não é somente em sua área, pois o mesmo artifício tem sido utilizado por funcionários do comércio.
"As empresas de Barretos relatam a mesma coisa. É preciso moralizar a forma como esse atestado é concedido", disse.
De acordo com o presidente da Acib (Associação Comercial e Industrial de Barretos), Luiz Carlos Silva, o problema é antigo. "Há dois anos, tivemos relato de uma empresa que tinha 1.500 funcionários e, em média, recebia 172 atestados médicos por dia. O problema é que neste ano extrapolou."
Silva disse que todos os mil associados já se queixaram do total elevado de licenças médicas. "O funcionário traz um atestado, fica até 13 dias afastado, volta ao trabalho e, dias depois, aparece com um outro pedido médico", disse.
De acordo com Osinski Júnior, as denúncias apontam que há médicos e também enfermeiras envolvidas no esquema de atestados falsos. A apuração indica que a fraude é feita tanto por servidores públicos quanto por profissionais da rede particular.
"Isso se tornou tão popular na cidade que, na semana passada, uma empregada doméstica foi demitida na sexta-feira e apresentou atestado com data do dia 3 de novembro, ou seja, ela antecipou uma doença. Para piorar a situação, a licença dizia, inclusive, que ela tinha realizado vários exames que comprovavam a necessidade do afastamento", disse.
No caso de servidor da prefeitura ou do Estado, o crime é de falsidade ideológica e a pena pode chegar a cinco anos de prisão. Os médicos podem responder por falso atestado e a pena pode chegar a três anos de detenção. O funcionário também responde por usar documentos falsos.


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