Ribeirão Preto, Sexta, 6 de novembro de 1998

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VIOLÊNCIA
Fundo vai servir para a compra de equipamentos e veículos; objetivo é conter a criminalidade em Ribeirão
'Caixinha' de empresas financia polícia

Lucio Piton/Folha Imagem
Membros da prefeitura, das Polícias Civil e Militar e do Ministério Público durante anúncio do pacto contra a violência em Ribeirão, ontem


ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

Uma "caixinha" paga por empresários de Ribeirão Preto irá financiar ações das Polícias Civil e Militar a partir do próximo ano.
A medida foi anunciada ontem pelo presidente da ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), Gilberto Maggioni, durante assinatura do pacto contra a violência na cidade.
A criação do fundo faz parte do termo de cooperação assinado entre ACI-RP, Prefeitura de Ribeirão Preto, Ministério Público e polícia com o objetivo de reduzir a onda de criminalidade no município.
O dinheiro, de acordo com Maggioni, será usado para equipar a polícia e comprar, por exemplo, veículos e coletes à prova de bala para os soldados. A transferência de dinheiro para a polícia é proibida por lei.
"Os conveniados vão depositar mensalmente as doações em uma conta bancária. Caberá à ACI estudar as necessidades com a polícia, comprar o equipamento e fazer a doação", disse o presidente.
Segundo estimativa de empresários, a "caixinha" pode receber cerca de R$ 500 mil por ano. O valor das doações será proporcional ao tamanho da empresa.
"Fizemos uma pesquisa e a categoria, quase que na totalidade, aceitou o projeto", disse.
O anúncio é o primeiro reflexo do pacto firmado ontem para reverter os números da violência.
De janeiro a outubro deste ano, mais de 190 pessoas foram assassinadas na cidade, de acordo com dados extra-oficiais, superando a marca anual de 97 -180 mortes- e praticamente se igualando aos dados de 96, quando os homicídios bateram recorde histórico e chegaram a 192, segundo a polícia.
O número de latrocínios (roubo seguido de assassinato) aumentou 50% em nove meses 98, em relação ao ano passado inteiro. O número de casos saltou de 10 para 15, segundo estatística da Polícia Civil.
"Sempre há uma necessidade em relação a coletes e rádios comunicadores", afirmou o tenente-coronel Edison Flora da Silva, comandante da PM na região.
Segundo o coronel, a Polícia Militar tem recebido dinheiro para fazer a manutenção de veículos e custeio do combustível, mas outros serviços poderiam ser ampliados com ajuda financeira.
Desde o início do mês, a polícia vem usando um ônibus emprestado pela iniciativa privada para transportar equipes aos locais onde são realizadas operações.
O delegado-seccional Alexandre Jorge Daur, da Polícia Civil, espera receber apoio para estruturar o combate ao tráfico de drogas.
"Hoje, mais de 90% dos assassinatos ocorridos em Ribeirão têm ligação com o comércio de drogas", afirmou o delegado.
Além do tráfico de drogas, a ação contra roubos também foi prejudicada. O Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubo e Assalto) foi extinto por falta de efetivo.
De acordo com o pacto, a prefeitura se compromete a ajudar a polícia com a compra de equipamentos e repasse de recursos.
"O investimento depende do pedido que será feito pela Promotoria e dos recursos disponíveis", disse o prefeito Luiz Roberto Jábali (PSDB) no anúncio do pacto.
A intermediação entre prefeitura, ACI-RP e as polícias será feita pelo Promotoria, que, segundo o pacto, passa a atuar com as polícias nas investigações.



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