Ribeirão Preto, Quinta-feira, 07 de Junho de 2001

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NO ESCURO
Seis cidades apontam problemas em racionar energia sem cortar o bombeamento de água para o abastecimento
Região já planeja racionamento de água

MARCELO TOLEDO
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO

Seis cidades da região de Ribeirão Preto já planejam o racionamento de água para cumprir as metas de consumo de energia estipuladas pela Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica.
Franca, Sertãozinho, Taquaritinga, Batatais, Jardinópolis e Guaíra alegam que vão ter de fazer cortes no fornecimento de água para economizar energia, já que o bombeamento da água (captada do subsolo ou de rios) consome em média 60% do total gasto pelas cidades com a CPFL.
Em Franca, a Sabesp (Serviço de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) pode iniciar o racionamento na próxima semana.
"Vamos fazer um estudo na segunda. Se estivermos acima da meta [10% para serviços essenciais], faremos o racionamento", afirmou o gerente Rui Engrácia Garcia Caluz, 44. O consumo da empresa é de 5.000 kWh mensais (R$ 450 mil). "Não há como reduzir o consumo de energia se não houver redução do consumo [de água]", disse o gerente.
São captados em Franca 70 mil m3 de água por dia. A redução de 10% de energia representa 7.000 m3 de água, o que daria para abastecer 8.700 casas por 24 horas. Caluz afirmou também que a cidade pode ser atingida pelo racionamento (de até 24 horas).
Ainda segundo ele, a situação deve ser pior em agosto e setembro, quando existe aumento do consumo. "Já estávamos nos preparando para essa situação. Mas, com esse problema agora, não vamos ter como realizar o que queríamos", afirmou o gerente.
Em Batatais, o diretor de planejamento Jairo Tomazella afirmou que a prefeitura está fazendo campanhas de orientação para que haja redução no consumo.
"Se houver racionamento de energia, haverá consequentemente racionamento de água", disse.
Já em Guaíra, que capta 40% da água de poços profundos, o racionamento de energia pode duplicar o problema da cidade, que no mês passado fez racionamento de água por causa da estiagem.
A cidade capta 11,5 milhões de litros por dia, contra os 15 milhões anteriores ao racionamento. "Se passarmos de 12 milhões, a situação se complica ainda mais", disse o diretor do Departamento de Água e Esgoto, João Rocha.
Em Jardinópolis e em Sertãozinho, o abastecimento pode ser prejudicado porque as prefeituras vão desligar as bombas dos poços.
"Não tenho dúvida que o abastecimento será prejudicado", disse o prefeito de Jardinópolis, José Amauri Pegoraro (PSDB).
Com R$ 168 mil gastos por mês com o bombeamento, a Prefeitura de Sertãozinho está desligando as bombas de poços de baixa produção entre as 23h e as 5h.
"Trabalhamos para não ter falta d'água, mas algumas casas podem ter problemas", disse o vice-prefeito João Zarinello (PSDB).
A Prefeitura de Taquaritinga decretou a racionalização dos recursos naturais (água potável e energia elétrica).
A Folha procurou por dois dias a superintendente do Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto), Isabel Bordini, mas não a encontrou.
Na semana passada, o Daerp lançou campanha para reduzir o gasto com energia em 20%, por meio de geradores e campanhas. A autarquia consome 9.000 kWh mensais (gasto de R$ 1 milhão).


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