Ribeirão Preto, Quinta-feira, 07 de Julho de 2011

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Expulsos de favela ocupam nova área

Espaço, também particular, recebeu 200 moradores que deixaram a favela da Família; grupo recusa ajuda da prefeitura

No novo local, um campo de futebol, 54 famílias passaram a noite e montaram uma despensa coletiva

Fotos Silva Junior/Folhapress
Morador retorna à favela da Família para procurar bens que ficaram nos barracos derrubados na ação de anteontem

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Ao menos 200 dos cerca de 700 moradores da favela da Família, que foi esvaziada anteontem pela Polícia Militar, ocuparam uma nova área no Jardim Aeroporto, a menos de 100 metros do local de onde foram expulsos.
Após a reintegração de posse marcada pelo conflito com a PM na manhã de terça, as 54 famílias passaram a noite num acampamento improvisado no novo terreno, um campo de futebol particular, como a área anterior.
"Aqui está quem não tinha para onde ir mesmo. O restante foi para a casa de parentes", disse o pedreiro Jesiel do Nascimento Ferreira, 28, que ajudava a construir uma despensa coletiva.
Revoltados, os moradores criticaram a prefeita Dárcy Vera (DEM), recusaram parte da ajuda oferecida pela prefeitura e chegaram a pedir que caminhões do governo fossem retirados do terreno.
"Na hora da reintegração, deixaram acontecer toda aquela violência. Agora querem fazer graça", disse Aldair Ribeiro da Silva, 32, um dos líderes dos moradores.
O conflito, que resultou em 11 feridos, sendo dois advogados da OAB, fez com que a Ordem decidisse pedir que a Secretaria Nacional de Direitos Humanos apure se a ação da PM foi efetiva, abusiva ou violenta (leia nesta página).
Segundo a secretária da Assistência Social, Maria Sodré, foram levadas cerca de cem cestas básicas e 2.000 peças de roupas. "Vão ficar na base do bairro caso eles precisem, já que não quiseram."
Os ex-moradores da favela também se recusaram a ir para o Cetrem (central de triagem de migrantes) ou para um albergue. Os dois espaços totalizam 150 vagas, o que não comportaria todos. "Comida e roupa a gente compra. Queremos casa", disse o pedreiro Francisco Santos.
Apesar de o terreno onde houve reintegração ser privado, Dárcy foi alvo de críticas dos desabrigados, que citavam o fato de ela estar em viagem. Até assessores de imprensa foram ao local conversar com os moradores.
Em nota, a assessoria da prefeita disse que o governo não teve parte no processo por tratar-se de área privada. Sobre os pedidos de moradia, disse que eles estão sendo orientados a fazer inscrição no programa Minha Casa Minha Vida, na Cohab-RP.


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