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Região investiga fraudes no Bolsa Família
Parte dos beneficiários do programa do governo federal são suspeitos de possuir automóveis, motos ou outros bens
Nas 89 cidades da região de Ribeirão Preto, 16,4% dos 87,8 mil beneficiários são suspeitos de cometer fraude no programa
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Termina no dia 31 de dezembro o prazo para as prefeituras
da região de Ribeirão Preto investigarem as suspeitas de que
parte dos beneficiários do Bolsa Família possuem carros e
bens no seu nome ou já morreram, mas que continuam sacando o dinheiro. Essas foram
algumas das irregularidades
apontadas por um relatório do
TCU (Tribunal de Contas da
União), entregue em maio.
Nas 89 cidades da região,
16,4% dos beneficiários estão
sob suspeita de fraude, de um
total de 87,8 mil famílias inclusas no programa. Prefeituras
ouvidas pela Folha alegaram
que os casos encontrados não
eram graves e que a maior parte fora do perfil aumentou a
sua renda depois que fez o cadastro, mas não comunicou o
município para que o nome
fosse desligado do programa.
Algumas prefeituras, como
Franca e Sertãozinho, já concluíram as visitas às casas. Outras precisam se apressar: Ribeirão e Araraquara vistoriaram 60% dos casos sob suspeita. Apontado o indício pelo
TCU, cabe às prefeituras visitar
até o final do ano cada família e
comprovar se há fraude.
Para receber o Bolsa Famílias, a pessoa precisa comprovar que não possui renda maior
que R$ 140 por membro da família. Os benefícios variam de
R$ 22 a R$ 200 mensais. O
TCU cruzou o nome de beneficiários com dados de registro
de veículos, da carteira de trabalho e de atestados de óbito.
Em Franca, o secretário do
Desenvolvimento Humano e
Ação Social, Roberto Nunes
Rocha, afirmou que houve casos confirmados de pessoas
com bens, que alegaram ser
apenas "laranjas".
Segundo ele, no ano passado
quatro pessoas que eram proprietárias de terra foram flagradas pelo sistema por receberem Bolsa Família -eles
possuíam até financiamentos
agrícolas pelo Banco do Brasil
em seus nomes. "É inerente ao
ser humano uma tentativa de
ludibriar, a picaretagem. Os
mecanismos de controle existem e são dinâmicos. Por isso,
aparecem esses casos", disse.
Em Ribeirão Preto, estão na
lista 1.887 famílias, das cerca de
12 mil que recebem o benefício.
Segundo o coordenador da
central administrativa de benefícios sociais, Roberto Manuel Felipe Filho, a maioria dos
casos em que o TCU constatou
que o documento de veículo estava no nome do beneficiário
de fato se confirmou. "Mas, ao
visitar as casas, as famílias alegaram que apenas emprestaram o nome", disse.
Em um deles, segundo o
coordenador, a assistente social achou uma moto na garagem. O dono, em condições
precárias, morava nos fundos
da casa do pai, que era quem
usufruía e pagava o veículo.
Em Araraquara, assistentes
sociais encontraram alguns
poucos casos de veículos na garagem, anteriores ao ano 2000.
Como a Folha publicou ontem, em São Carlos ainda existe 800 famílias sob suspeita a
serem visitadas, faltando dois
meses para o término do prazo.
Casos comprovados de fraude terão o benefício bloqueado
em janeiro e deverão devolver
o dinheiro à União.
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