Ribeirão Preto, Sábado, 08 de Agosto de 2009

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À sombra do passado, o Come-Fogo chega ao nº 150

Clássico do futebol de Ribeirão já não empolga a torcida: jogo hoje é pela Copinha

No discurso dos técnicos, semelhanças: se antes vencer o Come-Fogo elevava a honra, hoje só o que vale são os 3 pontos


LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

O principal destaque do clássico Come-Fogo número 150, que será disputado hoje, é o passado. É na nostalgia que se apegam locutores esportivos e ex-jogadores: o embate entre Comercial e Botafogo, que começou em uma fase amadora em 1931, arrastava multidões aos estádios e empolgava os torcedores.
Hoje, às 16h, o estádio Santa Cruz assistirá a um Come-Fogo estrelado por nomes desconhecidos e, provavelmente, com poucos espectadores. São esperados menos de 4.000 torcedores para o jogo -é a carga de ingressos colocados à venda-, válido pela sexta rodada da Copa Paulista de Futebol. Nos áureos tempos do clássico, um Come-Fogo com menos de 20 mil pessoas decepcionava.
As duas equipes estão no Grupo 2 da competição e fazem campanha média: o Comercial é o terceiro, com oito pontos, e o Botafogo ocupa o quinto lugar, com um ponto a menos. No discurso dos técnicos, semelhanças: se antigamente vencer o Come-Fogo elevava a honra, hoje o que vale mesmo são os três pontos.
"Para nós é um trabalho normal. É só mais um jogo. A gente vai fazer parte da história do clássico, mas para nós são os três pontos que valem", disse o treinador do Comercial, Márcio Ribeiro, que não faz muita questão de fazer mistério. "Não vou divulgar a escalação pois tenho pequenas dúvidas, mas não teremos grandes novidades. Até isso mudou no Come-Fogo", disse.
Macalé, técnico do Botafogo, diz que perdeu as contas de quantos Come-Fogo disputou como jogador e treinador, pelos dois times. "O jogo tinha um clima gostoso. Era um mundo diferente, a cidade se mobilizava. Mas, ainda me dá motivação participar de um Come-Fogo."
Para quem viveu de perto e fez parte da história do clássico, sobram lembranças e esperanças. "A sensação de entrar em campo e ver as duas torcidas lotando o estádio me emocionava. Mas o futebol de todo o interior caiu demais ", disse Paulo Bin, ex-atacante do Comercial e autor do primeiro gol do estádio Palma Travassos.
Para Sócrates, maior ídolo da história do Botafogo, a instabilidade das equipes prejudica o clássico. "Os dois [times] precisam estar no mesmo nível. Hoje há uma distância grande entre um e outro. Então o Come-Fogo esfria. Eu, por exemplo, só soube ontem [anteontem] que amanhã [hoje] tem Come-Fogo", disse.
Segundo o radialista Miguel Liporaci, a ausência do Comercial na primeira divisão desde a queda de 1986 foi o divisor de águas da história do Come-Fogo. "O Comercial caiu em 1986 e, desde então, o clássico vem diminuindo. Mas ainda há potencial, incentivo, motivação quando os times se enfrentam."


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