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À sombra do passado, o Come-Fogo chega ao nº 150
Clássico do futebol de Ribeirão já não empolga a torcida: jogo hoje é pela Copinha
No discurso dos técnicos, semelhanças: se antes vencer o Come-Fogo elevava a honra, hoje só o que vale são os 3 pontos
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
O principal destaque do clássico Come-Fogo número 150,
que será disputado hoje, é o
passado. É na nostalgia que se
apegam locutores esportivos e
ex-jogadores: o embate entre
Comercial e Botafogo, que começou em uma fase amadora
em 1931, arrastava multidões
aos estádios e empolgava os
torcedores.
Hoje, às 16h, o estádio Santa
Cruz assistirá a um Come-Fogo
estrelado por nomes desconhecidos e, provavelmente, com
poucos espectadores. São esperados menos de 4.000 torcedores para o jogo -é a carga de ingressos colocados à venda-,
válido pela sexta rodada da Copa Paulista de Futebol. Nos áureos tempos do clássico, um
Come-Fogo com menos de 20
mil pessoas decepcionava.
As duas equipes estão no
Grupo 2 da competição e fazem
campanha média: o Comercial
é o terceiro, com oito pontos, e
o Botafogo ocupa o quinto lugar, com um ponto a menos. No
discurso dos técnicos, semelhanças: se antigamente vencer
o Come-Fogo elevava a honra,
hoje o que vale mesmo são os
três pontos.
"Para nós é um trabalho normal. É só mais um jogo. A gente
vai fazer parte da história do
clássico, mas para nós são os
três pontos que valem", disse o
treinador do Comercial, Márcio Ribeiro, que não faz muita
questão de fazer mistério. "Não
vou divulgar a escalação pois
tenho pequenas dúvidas, mas
não teremos grandes novidades. Até isso mudou no Come-Fogo", disse.
Macalé, técnico do Botafogo,
diz que perdeu as contas de
quantos Come-Fogo disputou
como jogador e treinador, pelos
dois times. "O jogo tinha um
clima gostoso. Era um mundo
diferente, a cidade se mobilizava. Mas, ainda me dá motivação
participar de um Come-Fogo."
Para quem viveu de perto e
fez parte da história do clássico,
sobram lembranças e esperanças. "A sensação de entrar em
campo e ver as duas torcidas lotando o estádio me emocionava. Mas o futebol de todo o interior caiu demais ", disse Paulo
Bin, ex-atacante do Comercial
e autor do primeiro gol do estádio Palma Travassos.
Para Sócrates, maior ídolo da
história do Botafogo, a instabilidade das equipes prejudica o
clássico. "Os dois [times] precisam estar no mesmo nível. Hoje há uma distância grande entre um e outro. Então o Come-Fogo esfria. Eu, por exemplo,
só soube ontem [anteontem]
que amanhã [hoje] tem Come-Fogo", disse.
Segundo o radialista Miguel
Liporaci, a ausência do Comercial na primeira divisão desde a
queda de 1986 foi o divisor de
águas da história do Come-Fogo. "O Comercial caiu em 1986
e, desde então, o clássico vem
diminuindo. Mas ainda há potencial, incentivo, motivação
quando os times se enfrentam."
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