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Agricultura familiar "definha" na região
Modalidade ocupa, em média, 10% da área com algum tipo de atividade agropecuária, menos que as médias de SP e do país
Média é puxada para baixo principalmente onde a cana é mais difundida, como ocorre nas microrregiões de Ribeirão e São Joaquim
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
As plantações de couve e jiló
de Francisco de Assis, 30, em
um sítio de dois hectares em
Brodowski, podem ser consideradas uma ilha em meio ao mar
de cana-de-açúcar que cobre a
região de Ribeirão, referência
nacional para a matéria-prima
do etanol e do açúcar.
Morador da terra -arrendada- que cultiva com a ajuda da
família, Assis é retrato do perfil
traçado pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre a agricultura familiar, que na região tem menos espaço para a atividade do
que a média de SP e do país.
Segundo dados do Censo
Agrícola 2006, a agricultura familiar ocupa, em média, 10% da
área com algum tipo de atividade agropecuária na região. O índice é menor do que o verificado no Estado, onde 15,5% das
terras é dedicada a esse tipo de
atividade, e no Brasil (24,3%).
A média regional é puxada
para baixo, principalmente, onde a penetração da cana é mais
difundida, como a microrregião
de Ribeirão (3,4% de agricultura familiar) e de São Joaquim
da Barra (3,7%). As duas microrregiões abrigam cidades
reconhecidas pela vocação canavieira, como Morro Agudo,
Pontal e Guaíra.
Cidades onde outras culturas
são mais fortes seguem tendência contrária, casos de Itápolis,
maior produtora de laranja do
país, e Franca (café).
Itápolis, com 758 propriedades dedicadas à agricultura familiar, e Franca, com 622, lideram o ranking das cidades com
maior número de áreas dedicadas a esse tipo de agricultura.
Para o professor de economia agrícola da Unesp de Araraquara Sebastião Neto Ribeiro
Guedes, as razões para a concentração de terras na região
são explicadas pela necessidade do grande volume que a cana
precisa para ser viável.
Além disso, o pesquisador da
Markestrat (centro de pesquisas ligado à USP) José Carlos
Lima cita a euforia do setor entre 2005 e 2007 -o censo é de
2006-, que aumentou a busca
de terra para expansão da cana.
A concorrência com a cana é
sentida pelo pequeno agricultor Francisco Costa. Ele paga
um salário mínimo por alqueire arrendado, mas diz que há
pressão sobre o preço. "Quem
tem terra quer arrendar pelo
mesmo preço que arrenda para
a cana, que paga mais."
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