Ribeirão Preto, Domingo, 08 de Novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Agricultura familiar "definha" na região

Modalidade ocupa, em média, 10% da área com algum tipo de atividade agropecuária, menos que as médias de SP e do país

Média é puxada para baixo principalmente onde a cana é mais difundida, como ocorre nas microrregiões de Ribeirão e São Joaquim

JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

As plantações de couve e jiló de Francisco de Assis, 30, em um sítio de dois hectares em Brodowski, podem ser consideradas uma ilha em meio ao mar de cana-de-açúcar que cobre a região de Ribeirão, referência nacional para a matéria-prima do etanol e do açúcar.
Morador da terra -arrendada- que cultiva com a ajuda da família, Assis é retrato do perfil traçado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre a agricultura familiar, que na região tem menos espaço para a atividade do que a média de SP e do país.
Segundo dados do Censo Agrícola 2006, a agricultura familiar ocupa, em média, 10% da área com algum tipo de atividade agropecuária na região. O índice é menor do que o verificado no Estado, onde 15,5% das terras é dedicada a esse tipo de atividade, e no Brasil (24,3%).
A média regional é puxada para baixo, principalmente, onde a penetração da cana é mais difundida, como a microrregião de Ribeirão (3,4% de agricultura familiar) e de São Joaquim da Barra (3,7%). As duas microrregiões abrigam cidades reconhecidas pela vocação canavieira, como Morro Agudo, Pontal e Guaíra.
Cidades onde outras culturas são mais fortes seguem tendência contrária, casos de Itápolis, maior produtora de laranja do país, e Franca (café).
Itápolis, com 758 propriedades dedicadas à agricultura familiar, e Franca, com 622, lideram o ranking das cidades com maior número de áreas dedicadas a esse tipo de agricultura.
Para o professor de economia agrícola da Unesp de Araraquara Sebastião Neto Ribeiro Guedes, as razões para a concentração de terras na região são explicadas pela necessidade do grande volume que a cana precisa para ser viável.
Além disso, o pesquisador da Markestrat (centro de pesquisas ligado à USP) José Carlos Lima cita a euforia do setor entre 2005 e 2007 -o censo é de 2006-, que aumentou a busca de terra para expansão da cana.
A concorrência com a cana é sentida pelo pequeno agricultor Francisco Costa. Ele paga um salário mínimo por alqueire arrendado, mas diz que há pressão sobre o preço. "Quem tem terra quer arrendar pelo mesmo preço que arrenda para a cana, que paga mais."

Texto Anterior: Para médico, propaganda deve ser 100% banida
Próximo Texto: "Não há duas agriculturas", afirma secretária
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.