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Crise provoca corte de 500 empregos em Sertãozinho
Setor diz que enfrenta cancelamento de pedidos
DA FOLHA RIBEIRÃO
A turbulência que atinge os
principais mercados mundiais
e que resultou no encolhimento do crédito já gerou 500 demissões em outubro nas indústrias de Sertãozinho, cuja base
é voltada para a fabricação de
máquinas e componentes para
o setor sucroalcooleiro.
Segundo o Ceise-BR (Centro
Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético), as demissões estão ocorrendo porque um levantamento da entidade mostra que 20%
dos pedidos -ou um em cada
cinco- estão sendo cancelados
pelas empresas clientes do pólo
industrial de Sertãozinho.
"Teve empresa que demitiu
40 funcionários, enquanto em
outras os cortes chegaram a 60
ou cem trabalhadores. Estamos
lutando para tentar segurar as
dispensas", disse o presidente
do Ceise-BR, Mário Garrefa.
De acordo com ele, os empresários estão efetuando cortes
para se adequar ao cancelamento -ou adiamento- dos
projetos de usinas no país.
Reportagem publicada pela
Folha em 25 de outubro mostrou que metade das 35 usinas
de álcool e açúcar previstas para entrar em funcionamento
nesta safra no centro-sul do
país adiou seus projetos ou teve
o ritmo das obras desacelerado
por causa da crise de crédito.
Das cerca de 500 indústrias de
Sertãozinho, 90% atendem o
setor canavieiro. "Automaticamente, o empresário acaba repassando isso. Quando há impacto, ele precisa encolher rápido. Se chegarmos a 20% [de
cortes], teremos no final do ano
3.800 dispensas", afirmou.
As indústrias da cidade empregavam, antes do início da
crise, 17 mil operários -se a crise durar, esse número pode
chegar a 13.200. Por isso, o setor foi a Brasília pedir a liberação de recursos à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Uma
resposta é aguardada para os
próximos dias.
A situação dos mercados
também fez o governo federal
antecipar a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que seria no
dia 26, para a última quinta-feira, de acordo com o usineiro
Maurilio Biagi Filho, presidente do Grupo Maubisa e integrante do conselho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"É uma preocupação interessante do presidente Lula, de
puxar a reunião, em razão da
oportunidade de sentir o momento atual dos conselheiros, o
que cada um pensa dessa delicada situação. É mais uma providência para minimizar os
efeitos da crise no Brasil."
Segundo Biagi Filho, a "salvação" das indústrias de Sertãozinho deve ser buscada em
conjunto pelos setores. "As cadeias afins têm que se juntar
nessa hora. O problema é o
mesmo para todos, que é a falta
de crédito."
(MARCELO TOLEDO)
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