Ribeirão Preto, Domingo, 09 de Novembro de 2008

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Crise provoca corte de 500 empregos em Sertãozinho

Setor diz que enfrenta cancelamento de pedidos

DA FOLHA RIBEIRÃO

A turbulência que atinge os principais mercados mundiais e que resultou no encolhimento do crédito já gerou 500 demissões em outubro nas indústrias de Sertãozinho, cuja base é voltada para a fabricação de máquinas e componentes para o setor sucroalcooleiro.
Segundo o Ceise-BR (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético), as demissões estão ocorrendo porque um levantamento da entidade mostra que 20% dos pedidos -ou um em cada cinco- estão sendo cancelados pelas empresas clientes do pólo industrial de Sertãozinho.
"Teve empresa que demitiu 40 funcionários, enquanto em outras os cortes chegaram a 60 ou cem trabalhadores. Estamos lutando para tentar segurar as dispensas", disse o presidente do Ceise-BR, Mário Garrefa.
De acordo com ele, os empresários estão efetuando cortes para se adequar ao cancelamento -ou adiamento- dos projetos de usinas no país.
Reportagem publicada pela Folha em 25 de outubro mostrou que metade das 35 usinas de álcool e açúcar previstas para entrar em funcionamento nesta safra no centro-sul do país adiou seus projetos ou teve o ritmo das obras desacelerado por causa da crise de crédito. Das cerca de 500 indústrias de Sertãozinho, 90% atendem o setor canavieiro. "Automaticamente, o empresário acaba repassando isso. Quando há impacto, ele precisa encolher rápido. Se chegarmos a 20% [de cortes], teremos no final do ano 3.800 dispensas", afirmou.
As indústrias da cidade empregavam, antes do início da crise, 17 mil operários -se a crise durar, esse número pode chegar a 13.200. Por isso, o setor foi a Brasília pedir a liberação de recursos à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Uma resposta é aguardada para os próximos dias.
A situação dos mercados também fez o governo federal antecipar a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que seria no dia 26, para a última quinta-feira, de acordo com o usineiro Maurilio Biagi Filho, presidente do Grupo Maubisa e integrante do conselho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"É uma preocupação interessante do presidente Lula, de puxar a reunião, em razão da oportunidade de sentir o momento atual dos conselheiros, o que cada um pensa dessa delicada situação. É mais uma providência para minimizar os efeitos da crise no Brasil."
Segundo Biagi Filho, a "salvação" das indústrias de Sertãozinho deve ser buscada em conjunto pelos setores. "As cadeias afins têm que se juntar nessa hora. O problema é o mesmo para todos, que é a falta de crédito."
(MARCELO TOLEDO)



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