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Las Vegas pode ver hoje campeão brasileiro
Final da PBR, principal liga mundial de rodeio, termina hoje nos EUA com o peão Guilherme Marchi bem perto do título
Brasil tem outros seis peões na final, cercada de uma atmosfera de festa criada pelos americanos, que rivalizam com os brasileiros
MARCELO TOLEDO
ENVIADO ESPECIAL A LAS VEGAS
Sentado numa confortável
poltrona do ginásio Thomas &
Mack Center, em Las Vegas
(EUA), o norte-americano Mike Petersen vê, empolgado, a final mundial da PBR (Professional Bull Riders).
No dia seguinte, logo de manhã, está numa feira ao lado do
Mandalay Bay, um dos principais cassinos da cidade, acompanhando o sorteio dos touros
que serão montados à noite pelos 45 peões finalistas do circuito, que termina hoje e pode premiar o brasileiro Guilherme
Marchi não só como campeão
mundial, mas também como
vencedor da principal etapa da
PBR, que distribui US$ 1 milhão ao número um.
Petersen, que é de Los Angeles, não é o único a acompanhar
o sorteio dos touros. O que no
Brasil acontece quase escondido, nos EUA é uma atração: o
sorteio, anteontem de manhã,
reuniu ao menos mil pessoas
no Mandalay, que, mesmo debaixo de sol quente para o período -21C, a temperatura
mais alta do dia-, fizeram fila
depois para pegar autógrafos e
conversar com os seus ídolos,
entre os quais sete peões brasileiros, que estão na final.
"Rodeio é muito bom, é emocionante, não tem como não
gostar", disse Petersen, que
aponta o norte-americano J.B.
Mauney como a principal estrela do esporte. "O Adriano
[Moraes, peão brasileiro que já
ganhou três títulos nos EUA]
está parando, mas J.B. está aí."
Mais célebre peão do Brasil,
Moraes fez na quinta-feira à
noite, em Las Vegas, a sua despedida das arenas de rodeio.
No sorteio dos animais, os
peões surgem nos telões fazendo para o público avaliações sobre cada animal. Os norte-americanos, canadenses, australianos e brasileiros que acompanham o evento aplaudem tudo
-até mesmo quando os peões
não falam absolutamente nada,
caso de Leonil Santos, peão que
é campeão do Barretos International Rodeo.
Morando há três semanas na
casa de Moraes, Santos disse
que a hora do sorteio o preocupa. "Não falo nada de inglês. Estou aqui na raça", afirmou o
peão, que iniciou a etapa final
da PBR com a chance de ser o
melhor estreante do ano. Apesar de só ter disputado três etapas, chegou à final em duas.
A participação de cada peão
dura um minuto -cronometrado-, afinal, "time is money"
(tempo é dinheiro), como dizem os norte-americanos. Na
feira do lado, simples programas contendo as fichas dos
peões são vendidas por US$ 20.
Chaveiros e canecas, entre outros souvenires, não saem por
menos de US$ 5. Camisetas?
De todos os tamanhos e modelos, a partir de US$ 40.
Mas é no Thomas & Mack
Center, onde hoje será conhecido hoje o novo campeão mundial de rodeio, que os americanos mostram todo o fanatismo
pelo rodeio. Cada noite de disputa gera renda de US$ 1 milhão só em bilheteria, segundo
Flávio Junqueira, diretor da
PBR no Brasil.
"Os ingressos vão tendo o
preço reduzido conforme o assento fica mais longe da arena",
disse. Isso significa que a relação é inversamente proporcional: enquanto na última fileira
os ingressos custam US$ 30, na
primeira, a mais próxima possível dos peões e touros, custam
US$ 250. Isso na bilheteria oficial, porque, em cambistas
-sim, também há cambistas
nas praças esportivas norte-americanas- o bilhete mais barato custava ontem US$ 80.
Dentro do ginásio, os peões
da casa, assim como acontece
em Barretos, são os mais festejados pelos torcedores, que
chegam em cima da hora -20
minutos antes, nem parece que
vai acontecer algo na arena. E,
apesar disso, não há tumulto.
Torcedores se levantam, gritam, pulam, agitam os braços a
cada montaria -num clima de
NBA, a liga norte-americana de
basquete-, tudo regado a muita cerveja e fast-food. "É uma
civilidade muito grande, é diferente do que a gente vê no Brasil. Ninguém se senta no lugar
de outro, todos respeitam o horário", disse Laura Cordeiro,
brasileira radicada no Colorado
e que, pela primeira vez, assiste
à final da PBR.
Quando tudo termina -o rodeio, com transmissão pela TV,
começa às 18h e dura duas horas-, em menos de cinco minutos, o ginásio é esvaziado.
Além do prêmio de US$ 1 milhão pago ao campeão, a final
de hoje distribuirá outros US$
2,2 milhões em prêmios. O melhor de cada noite, por exemplo, leva US$ 25 mil. "Só perco
esse título por milagre. Luto
por ele há muito tempo e não
vou deixar passar a oportunidade", disse o brasileiro Guilherme Marchi, o último a montar
hoje e que já amealhou US$ 1,5
milhão na temporada.
Os jornalistas MARCELO TOLEDO e EDSON
SILVA viajaram a convite de Os Independentes
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