Ribeirão Preto, Domingo, 09 de Novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Las Vegas pode ver hoje campeão brasileiro

Final da PBR, principal liga mundial de rodeio, termina hoje nos EUA com o peão Guilherme Marchi bem perto do título

Brasil tem outros seis peões na final, cercada de uma atmosfera de festa criada pelos americanos, que rivalizam com os brasileiros

MARCELO TOLEDO
ENVIADO ESPECIAL A LAS VEGAS

Sentado numa confortável poltrona do ginásio Thomas & Mack Center, em Las Vegas (EUA), o norte-americano Mike Petersen vê, empolgado, a final mundial da PBR (Professional Bull Riders).
No dia seguinte, logo de manhã, está numa feira ao lado do Mandalay Bay, um dos principais cassinos da cidade, acompanhando o sorteio dos touros que serão montados à noite pelos 45 peões finalistas do circuito, que termina hoje e pode premiar o brasileiro Guilherme Marchi não só como campeão mundial, mas também como vencedor da principal etapa da PBR, que distribui US$ 1 milhão ao número um. Petersen, que é de Los Angeles, não é o único a acompanhar o sorteio dos touros. O que no Brasil acontece quase escondido, nos EUA é uma atração: o sorteio, anteontem de manhã, reuniu ao menos mil pessoas no Mandalay, que, mesmo debaixo de sol quente para o período -21C, a temperatura mais alta do dia-, fizeram fila depois para pegar autógrafos e conversar com os seus ídolos, entre os quais sete peões brasileiros, que estão na final.
"Rodeio é muito bom, é emocionante, não tem como não gostar", disse Petersen, que aponta o norte-americano J.B.
Mauney como a principal estrela do esporte. "O Adriano [Moraes, peão brasileiro que já ganhou três títulos nos EUA] está parando, mas J.B. está aí."
Mais célebre peão do Brasil, Moraes fez na quinta-feira à noite, em Las Vegas, a sua despedida das arenas de rodeio.
No sorteio dos animais, os peões surgem nos telões fazendo para o público avaliações sobre cada animal. Os norte-americanos, canadenses, australianos e brasileiros que acompanham o evento aplaudem tudo -até mesmo quando os peões não falam absolutamente nada, caso de Leonil Santos, peão que é campeão do Barretos International Rodeo. Morando há três semanas na casa de Moraes, Santos disse que a hora do sorteio o preocupa. "Não falo nada de inglês. Estou aqui na raça", afirmou o peão, que iniciou a etapa final da PBR com a chance de ser o melhor estreante do ano. Apesar de só ter disputado três etapas, chegou à final em duas.
A participação de cada peão dura um minuto -cronometrado-, afinal, "time is money" (tempo é dinheiro), como dizem os norte-americanos. Na feira do lado, simples programas contendo as fichas dos peões são vendidas por US$ 20.
Chaveiros e canecas, entre outros souvenires, não saem por menos de US$ 5. Camisetas? De todos os tamanhos e modelos, a partir de US$ 40.
Mas é no Thomas & Mack Center, onde hoje será conhecido hoje o novo campeão mundial de rodeio, que os americanos mostram todo o fanatismo pelo rodeio. Cada noite de disputa gera renda de US$ 1 milhão só em bilheteria, segundo Flávio Junqueira, diretor da PBR no Brasil.
"Os ingressos vão tendo o preço reduzido conforme o assento fica mais longe da arena", disse. Isso significa que a relação é inversamente proporcional: enquanto na última fileira os ingressos custam US$ 30, na primeira, a mais próxima possível dos peões e touros, custam US$ 250. Isso na bilheteria oficial, porque, em cambistas -sim, também há cambistas nas praças esportivas norte-americanas- o bilhete mais barato custava ontem US$ 80.
Dentro do ginásio, os peões da casa, assim como acontece em Barretos, são os mais festejados pelos torcedores, que chegam em cima da hora -20 minutos antes, nem parece que vai acontecer algo na arena. E, apesar disso, não há tumulto.
Torcedores se levantam, gritam, pulam, agitam os braços a cada montaria -num clima de NBA, a liga norte-americana de basquete-, tudo regado a muita cerveja e fast-food. "É uma civilidade muito grande, é diferente do que a gente vê no Brasil. Ninguém se senta no lugar de outro, todos respeitam o horário", disse Laura Cordeiro, brasileira radicada no Colorado e que, pela primeira vez, assiste à final da PBR.
Quando tudo termina -o rodeio, com transmissão pela TV, começa às 18h e dura duas horas-, em menos de cinco minutos, o ginásio é esvaziado.
Além do prêmio de US$ 1 milhão pago ao campeão, a final de hoje distribuirá outros US$ 2,2 milhões em prêmios. O melhor de cada noite, por exemplo, leva US$ 25 mil. "Só perco esse título por milagre. Luto por ele há muito tempo e não vou deixar passar a oportunidade", disse o brasileiro Guilherme Marchi, o último a montar hoje e que já amealhou US$ 1,5 milhão na temporada.

Os jornalistas MARCELO TOLEDO e EDSON SILVA viajaram a convite de Os Independentes



Texto Anterior: Foco: Um dos principais pólos calçadistas, Franca vive "boom" do setor de lingerie
Próximo Texto: Negros usam mais serviço público, diz mapeamento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.