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Falta de assistentes sociais e
de psicólogos atrasa processos
Maioria dos fóruns da região tem apenas um profissional na Vara da Infância
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
O número insuficiente ou até
a completa ausência de psicólogos e assistentes sociais nas Varas da Infância e Juventude dos
fóruns da região de Ribeirão
Preto têm prejudicado e atrasado processos judiciais.
Muitas decisões de juízes sobre guarda de uma criança ou
adoção, por exemplo, dependem de laudo técnico do psicólogo ou da assistente social.
Um levantamento da Associação Brasileira de Magistrados e Promotores de Justiça da
Infância e Juventude apontou
que a maioria dos fóruns da região tem apenas um assistente
social e nenhum psicólogo na
própria comarca para dar apoio
às decisões do juiz.
Em Américo Brasiliense, a
única assistente social, Walkiria Maria do Amaral, é responsável por cerca de 70 processos
de sua cidade e de outros três
municípios vizinhos.
O ideal, segundo ela, seria
cuidar de 20 a 25 processos. "Às
vezes, o juiz marca audiência de
conciliação com o casal sobre a
guarda de uma criança e manda
o processo para a assistência
social dar seu parecer. Muitas
vezes ele faz a audiência sem o
meu relatório."
Em Ribeirão, há nove psicólogos e 11 assistentes sociais. Os
psicólogos atendem não só à
Vara da Infância. São responsáveis também pelos casos da três
varas da Famílias, da Vara do
Idoso na esfera criminal e dos
casos de mulheres vitimizadas
enquadradas na Lei Maria da
Penha. Detalhe: atendem a demanda da comarca de Ribeirão
e de mais oito cidades.
"É comum levarmos trabalho para casa no final de semana, porque o volume de trabalho é muito grande", disse a psicóloga Valéria Mattar.
Na opinião do juiz da Infância de Ribeirão, Paulo César
Gentile, o número de técnicos é
"absurdamente insuficiente".
"É imprescindível uma análise psicológica e social para minha decisão. Para uma adoção,
preciso saber se a família tem
condições de se adaptar. Não
concebo uma decisão dessas
sem um laudo", disse Gentile.
O Tribunal de Justiça de São
Paulo admite que não há técnicos especializados em todas as
varas, mas diz que deverá abrir
concurso para contratar novos
profissionais. Não há, no entanto, data definida para a realização desse concurso.
Afetados
A burocracia gerada pela insuficiência de profissionais afeta as pessoas que entram com
ação na Justiça à espera da solução de seus conflitos, na opinião da advogada Ana Paula
Vargas de Mello, especialista
nas áreas de família e criminal.
"A morosidade afeta principalmente as crianças e adolescentes envolvidas em disputas
de guarda e em outras ações de
família e pode até prejudicar o
desenvolvimento da criança."
A advogada possui casos de
disputa de guarda que já se arrastam há dois anos na Justiça
sem uma decisão. "A disputa da
guarda aparentemente não é
tão urgente, se comparada à
violência doméstica, por exemplo, mas, para os envolvidos,
são situações urgentes."
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