Ribeirão Preto, Terça-feira, 09 de Dezembro de 2008

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Ribeirão vai saber em 24 h se paciente está com dengue

Cidade, que já teve 3 epidemias, integra a lista das 10 do país que vão fazer teste rápido de detecção da doença a partir de janeiro

Exame normal demora 7 dias; projeto do Ministério da Saúde visa identificar os tipos de vírus que estão circulando nas cidades

Edson Silva/Folha Imagem
A agente do Controle de Vetores Joseane Baltazar inspeciona vaso de planta na Vila Virgínia

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

A partir de janeiro, o laboratório do Instituto Adolfo Lutz em Ribeirão Preto vai realizar exames para a detecção da dengue, cujos resultados sairão em até 24 horas. Além de Ribeirão, só mais duas cidades do Estado -Santos e São José do Rio Preto- vão fazer o teste rápido da doença, segundo o Ministério da Saúde. Em todo o país participam do plano-piloto dez municípios, sendo seis capitais.
Ribeirão foi escolhida para o teste porque tem mais de 100 mil habitantes, é uma cidade endêmica e tem índice de Breteau (infestação do mosquito transmissor) acima de 1.
O exame rápido será a etapa inicial do levantamento. Caso os resultados sejam positivos para a dengue, um outro teste será feito em São Paulo para isolar e identificar o tipo do vírus. "Quanto maior a variedade de vírus circulando, mais chances temos de ter casos graves da doença", disse Maria Luiza Santa Maria, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Ribeirão.
Hoje, os resultados dos exames feitos na cidade demoram até sete dias para ficar prontos e poucos são os testes para o isolamento do vírus da dengue -neste ano, foram realizados quatro, que apontaram a presença dos vírus 2 e 3. A partir de 2009, a expectativa é que sejam realizados dez por semana.
"Se um mosquito da dengue infectado picar uma pessoa e ela contrair a doença, as ações de bloqueio da transmissão só vão começar após dez ou quinze dias. Com o novo exame, ganhamos uma semana de antecedência", disse Paulo Camarero, chefe da Divisão de Controle de Vetores de Ribeirão.
Além de ser mais rápido, este novo exame é diferente porque detecta no sangue do paciente a proteína NS1, presente na estrutura do vírus da dengue e encontrada já nos primeiros dias de infecção. Atualmente, os testes feitos na cidade só identificam anticorpos produzidos pelo paciente a partir do sexto dia de contaminação.
É por causa dessa diferença que a Secretaria da Saúde de Ribeirão espera ter mais controle dos casos positivos de dengue na cidade. Segundo Santa Maria, entre 25% e 30% das pessoas com suspeita de dengue não voltam aos postos de saúde para coletar sangue para o exame de detecção da doença.
"Em alguns casos, é preciso esperar até o sexto dia para coletar o sangue. Ligamos para o paciente, mas ele se recusa."
Até ontem, haviam sido confirmados em Ribeirão 1.040 casos de dengue neste ano. A cidade já teve três epidemias, a última em 2006, pelo vírus tipo 3, quando foram registradas 6.438 casos e uma morte por dengue hemorrágica.
A cidade viveu sua primeira epidemia em 1991, com 2.305 casos de dengue e predominância do vírus tipo 1. Em 2001, outra epidemia com 3.190 pessoas infectadas -o vírus tipo 2 já estava circulando desde 1998.

Desvantagens
Embora detecte mais rapidamente a contaminação por dengue, o exame que identifica a proteína NS1 no sangue do paciente não é usado em larga escala por não ser preciso na identificação de casos em que a pessoa já contraiu a doença anteriormente. Por esse motivo, segundo a Secretaria da Saúde de Ribeirão, quando os resultados forem negativos, uma nova amostra de sangue será coletada para a realização do teste tradicional, que detecta os anticorpos produzidos para combater o vírus no organismo. Equipes serão preparadas para ir à casa do paciente.
"Não podemos ter falsos negativos. Essa é uma mudança de metodologia que o Ministério da Saúde está propondo e que vai aumentar o controle da doença", disse Santa Maria.


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