Ribeirão Preto, Domingo, 10 de Maio de 2009

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Escolas de Ribeirão têm excesso de ruído na sala

Pesquisa da USP Ribeirão aponta média de 79,7 decibéis dentro da sala de aula

Nível aferido em escola supera o aceitável, de 65 decibéis, e se aproxima do identificado no trânsito, que atinge 80 decibéis


Edson Silva/Folha Imagem
Decibelímetro mede intensidade do som durante atividade de alunos da escola municipal Virgilio Salata, no bairro Ipiranga

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

A professora Cristiane Soares, 32, está acostumada a ir do "céu" ao "inferno" em dez minutos. "Preciso bater na mesa, no armário, porque só falando os alunos não ouvem. Consigo dez minutos de silêncio. Aí volta o barulho." A colega Erika Takimoto, 27, luta para dar aulas com a porta próxima ao barulho vindo do pátio, no momento do intervalo.
Não são apenas queixas. Escolas da rede municipal de Ribeirão Preto sofrem com limite de ruído acima do tolerável dentro da sala, chegando a 79,7 decibéis, segundo pesquisa do Departamento de Fonoaudiologia da USP Ribeirão.
O estudo, coordenado pela docente Luciana Voi Trawitzki, mediu níveis de ruído no Cemei (Centro Municipal de Ensino Integrado) Virgílio Salata, com a ajuda de um decibelímetro, que mede intensidade de sons.
Dentro da sala, o aparelho registrou nível médio de 79,7 decibéis e durante o intervalo, 85,9 decibéis. Para comparar, 80 decibéis é o mesmo que o ruído do trânsito e 90, o barulho do metrô. O nível aceitável é de 50 a 65 decibéis, segundo resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
Em três ocasiões, durante o intervalo, o barulho chegou a 110 decibéis, próximo do limite da dor, que é 120. Em medição em uma sala vazia num final de semana, constatou-se que o barulho externo (como de carros) gerou 54,1 decibéis.
O excesso de ruído, seja externo ou provocado pelas crianças, não só prejudica o aprendizado e a capacidade de concentração das crianças como atinge o professor. "Eles relatam que não conseguem mais chegar em casa sem dor de cabeça ou que abusam da voz porque precisam gritar", disse a pesquisadora Nelma Ellen Zamberlan Amorim, 29.
Segundo a pesquisa e os próprios professores, o problema se estende a outras escolas, também visitadas. "Na escola Alfeu Gasparini, é difícil, porque a escola fica ao lado da avenida Dom Pedro, de grande movimento", afirmou a professora Telma Barboza, 44.
Segundo o consultor em acústica ambiental Luiz Navarro de Araújo, o ideal seria que salas de aula fossem amplas, com não menos que três metros de altura e que paredes e teto fossem feitas com materiais que absorvessem o som.
A Secretaria da Educação de Ribeirão, em nota, disse que os ruídos em sala são na maior parte produzidos pelos alunos e que futuros projetos arquitetônicos de novas escolas deverão considerar o problema do ruído para evitar desconforto.


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