Ribeirão Preto, Sábado, 10 de julho de 1999

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Jábali leiloa trólebus para pagar dívida e tarifa de ônibus pode ir a R$ 0,99 em agosto

da Folha Ribeirão

O prefeito de Ribeirão Preto, Luiz Roberto Jábali (PSDB), vai leiloar os 22 trólebus da cidade para tentar quitar uma dívida de R$ 7 milhões com as três empresas permissionárias do transporte coletivo e ainda pode reajustar a tarifa de R$ 0,80 para R$ 0,99.
Para o superintendente da Transerp, Hemil Riscalla, o valor de R$ 0,99 é "psicológico" porque, na prática, a tarifa cobrada pelas empresas seria R$ 1.
A prefeitura já havia concedido sete linhas da Transerp S/A (Empresa de Transporte Urbano de Ribeirão Preto) para exploração das três concessionários alegando que isso quitaria o débito.
À época, Jábali disse que a transferência das linhas para as empresas quitaria toda a dívida.
A proposta de aumento da tarifa ocorre uma semana depois de as empresas assumirem as sete linhas que pertenciam à Transerp.
O reajuste vai ocorrer a partir de 1º de agosto. O aumento analisado é 15 pontos percentuais maior que a inflação dos últimos 12 meses, segundo o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), que foi de 8,68%.
Segundo o superintendente da Transerp, os trólebus que saíram de linha serão leiloados, mas ainda não há data definida para o processo ocorrer.
Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo, Carlos Roberto Cherulli, a venda dos veículos servirá para abater a dívida da prefeitura com as empresas, mas mesmo assim ainda não encerra o assunto.
"A discussão (sobre quitação total da dívida) ainda vai ficar para frente", afirmou ele.
Segundo dados do TCE (Tribunal de Contas do Estado), em 97 a Transerp repassou R$ 18,7 milhões para as permissionárias, de uma receita operacional de R$ 24,3 milhões. Isso significa que as linhas da Transerp arrecadaram cerca de R$ 5,6 milhões em 97.

Justificativa
Sobre o reajuste nas tarifas, Cherulli disse que o cálculo foi feito considerando os índices de aumentos do óleo diesel, equipamentos e mão-de-obra.
Segundo ele, só o combustível teve um aumento de 40,5% no último ano. Além disso, houve, de acordo com Cherulli, queda de arrecadação das empresas.
Ele disse que a redução na venda de passagens foi de quase 10%. De acordo com a Transerp, em 98 foram transportadas 4,6 milhões de pessoas, 7% menos do que em 97 (5 milhões de usuários).
Segundo Cherulli, as empresas já protocolaram o pedido para elaboração do estudo para o reajuste há 20 dias, mas até ontem não obtiveram resposta.
De acordo com ele, a prefeitura vai começar o estudo sobre a nova tarifa nesta semana. No ano passado, as tarifas sofreram dois reajustes- o primeiro em janeiro e o outro em junho, segundo acordo firmado entre a prefeitura e o Ministério Público de Ribeirão.
Juntos, os dois reajustes chegaram a 22%. No final de 97, as passagens custavam R$ 0,65, passaram a R$ 0,75 até chegarem ao valor atual de R$ 0,80.
Conforme a Folha apurou, o objetivo da administração era retardar o anúncio do novo preço até que as linhas da Transerp fossem transferidas às três permissionárias do transporte.

Justiça
A transferência das linhas da Transerp está sendo contestada na Justiça.
Para o secretário-geral do Sindicato dos Empregados no Transporte Coletivo, João Henrique Bueno, o reajuste da tarifa é considerado alto, já que o aumento do salário é calculado com base na inflação do período.
"A empresa negociou o reajuste salarial dos motoristas e cobradores com base na inflação e tivemos um aumento de 3,88%. Agora, elas querem subir a passagem em 23%", disse o sindicalista.
Ele acredita que, com a integração tarifária em dois meses, deve haver novo aumento.
Usuários de ônibus da cidade têm reclamado das mudanças no transporte.
(CRISTIANE BARÃO)



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