Ribeirão Preto, Segunda-feira, 10 de Agosto de 2009

Próximo Texto | Índice

Dependentes de álcool e drogas ficam "órfãos" em Ribeirão

Saúde pública não oferece tratamento adequado para quem quer largar o vício; lacuna fez surgir comunidades terapêuticas

O modelo preconizado pelo Ministério da Saúde é que o cuidado com os dependentes saia dos hospitais psiquiátricos


JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

O adulto dependente de álcool e drogas que busca tratamento em Ribeirão Preto para largar o vício enfrenta uma série de falhas no serviço de saúde pública. Não existem leitos para desintoxicação adaptados em hospitais comuns e também faltam vagas nos centros com atendimento psicológico e grupos de apoio.
A lacuna permitiu que surgissem na região as chamadas comunidades terapêuticas, em que o tratamento pode chegar a custar às famílias dos dependentes R$ 1.000 por mês. Existem cerca de 50 locais do gênero na região, sendo três ou quatro em Ribeirão, segundo o diretor do Departamento de Saúde Mental da Secretaria da Saúde de Ribeirão, Alexandre Firmo de Souza Cruz.
O modelo ideal preconizado pelo Ministério da Saúde é que o cuidado com dependentes de álcool e drogas saia dos hospitais psiquiátricos. O processo de reforma psiquiátrica, com diminuição de leitos, começou em 1995 em todo o país. A ideia era substituir a internação como moradia permanente por tratamentos em Caps (Centros de Atenção Psicossocial), em que o indivíduo volta a morar com a família e passa por acompanhamento no centro.
Segundo o psiquiatra Erikson Furtado, da USP de Ribeirão, o ideal, no modelo, é que o dependente, se necessário, passe por um leito psiquiátrico apenas na fase de desintoxicação. E esse leito não deve estar apartado, em hospitais específicos, mas sim nos hospitais gerais, como Santas Casas.
Em Ribeirão, porém, não existem leitos específicos para esse tipo de paciente nos hospitais gerais. O que há são vinte leitos em uma enfermaria adaptada no Hospital Psiquiátrico Santa Tereza.
Passado o período de desintoxicação, para os casos necessários, o dependente deve ser acompanhados nos chamados Caps AD (Álcool e Drogas), com reuniões ao estilo dos Narcóticos Anônimos e acompanhamento com psicólogos. O núcleo existe em Ribeirão, mas segundo a prefeitura, não é suficiente para a demanda.
A alternativa restante para muitas família são as comunidades terapêuticas, algumas sem a presença de profissionais de saúde e sustentadas por grupos religiosos.
Neste ano, o Ministério da Saúde lançou um plano emergencial para financiar o tratamento de álcool e drogas. Ribeirão está entre as cem cidades brasileiras prioritárias, entre as acima de 250 mil habitantes, para receber investimento e capacitação.


Próximo Texto: Prefeitura faz parceria com a entidade Rarev
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.