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Dependentes de álcool e drogas ficam "órfãos" em Ribeirão
Saúde pública não oferece tratamento adequado para quem quer largar o vício; lacuna fez surgir comunidades terapêuticas
O modelo preconizado pelo Ministério da Saúde é que o cuidado com os dependentes saia dos hospitais psiquiátricos
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
O adulto dependente de álcool e drogas que busca tratamento em Ribeirão Preto para
largar o vício enfrenta uma série de falhas no serviço de saúde pública. Não existem leitos
para desintoxicação adaptados
em hospitais comuns e também faltam vagas nos centros
com atendimento psicológico e
grupos de apoio.
A lacuna permitiu que surgissem na região as chamadas
comunidades terapêuticas, em
que o tratamento pode chegar a
custar às famílias dos dependentes R$ 1.000 por mês. Existem cerca de 50 locais do gênero na região, sendo três ou quatro em Ribeirão, segundo o diretor do Departamento de Saúde Mental da Secretaria da Saúde de Ribeirão, Alexandre Firmo de Souza Cruz.
O modelo ideal preconizado
pelo Ministério da Saúde é que
o cuidado com dependentes de
álcool e drogas saia dos hospitais psiquiátricos. O processo
de reforma psiquiátrica, com
diminuição de leitos, começou
em 1995 em todo o país. A ideia
era substituir a internação como moradia permanente por
tratamentos em Caps (Centros
de Atenção Psicossocial), em
que o indivíduo volta a morar
com a família e passa por acompanhamento no centro.
Segundo o psiquiatra Erikson Furtado, da USP de Ribeirão, o ideal, no modelo, é que o
dependente, se necessário, passe por um leito psiquiátrico
apenas na fase de desintoxicação. E esse leito não deve estar
apartado, em hospitais específicos, mas sim nos hospitais gerais, como Santas Casas.
Em Ribeirão, porém, não
existem leitos específicos para
esse tipo de paciente nos hospitais gerais. O que há são vinte
leitos em uma enfermaria
adaptada no Hospital Psiquiátrico Santa Tereza.
Passado o período de desintoxicação, para os casos necessários, o dependente deve ser
acompanhados nos chamados
Caps AD (Álcool e Drogas), com
reuniões ao estilo dos Narcóticos Anônimos e acompanhamento com psicólogos. O núcleo existe em Ribeirão, mas segundo a prefeitura, não é suficiente para a demanda.
A alternativa restante para
muitas família são as comunidades terapêuticas, algumas
sem a presença de profissionais
de saúde e sustentadas por grupos religiosos.
Neste ano, o Ministério da
Saúde lançou um plano emergencial para financiar o tratamento de álcool e drogas. Ribeirão está entre as cem cidades brasileiras prioritárias, entre as acima de 250 mil habitantes, para receber investimento e capacitação.
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