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FUTEBOL
Clube vai usar um terreno próprio para ampliar um cemitério
Crise leva Francana a vender túmulos
PAULO FERRARI VIARTI
free-lance para a Folha
A Francana encontrou uma saída
inusitada para saldar sua dívida
-estimada em R$ 517 mil-, sair
da crise e começar vida nova no
próximo ano. O clube quer ampliar o cemitério da Saudade, em
Franca, usando um terreno de sua
propriedade que abrigou o estádio
de futebol nos anos 60.
Com as sepulturas, a Francana,
que disputa a segunda divisão do
Paulista, espera arrecadar R$ 600
mil na primeira etapa do projeto.
"Se o terreno fosse aproveitado
para a construção de túmulos, resolveria o problema financeiro da
Francana e da própria prefeitura,
que procura soluções para a falta
de cemitérios", disse o conselheiro
do clube e idealizador do projeto,
Wagner Garcia Silva Júnior.
O terreno tem 10 mil metros quadrados, vale cerca de R$ 2 milhões
e está localizado na rua Simão Caleiro, no centro de Franca, ao lado
do clube recreativo da Francana e
em frente ao cemitério.
Segundo o conselheiro, se o clube vendesse o terreno, não conseguiria um valor alto e também não
seria viável a construção de uma
área residencial no local.
"Na primeira etapa, venderíamos cem lotes, ao preço de R$ 6 mil
cada, aproximadamente. Depois,
de acordo com a procura, venderíamos outros 200 lotes. O terreno
deve ser dividido em 930 lotes",
disse Garcia.
No final do empreendimento, a
Francana pretende arrecadar de
R$ 8 milhões a R$ 10 milhões.
Na década de 60, o terreno era a
sede do estádio Coronel Nhô Chico, onde a Francana mandava todas suas partidas.
O prefeito de Franca, Gilmar Dominici (PT), aprovou a idéia e está
aguardando um projeto oficial da
Francana. "Por enquanto só recebemos um esboço, mas para o projeto ser aprovado deve respeitar as
normas da Vigilância Sanitária e
da Secretaria do Planejamento",
disse Dominici ontem.
Segundo o prefeito, por se tratar
de um terreno privado, basta o aval
da prefeitura para autorizar o funcionamento do cemitério, sem a
necessidade de tramitar pela Câmara da cidade.
"A única exigência que vamos fazer diz respeito à manutenção da
entrada original do antigo estádio,
pois é um patrimônio histórico de
Franca", afirmou o prefeito.
Segundo Dominici, a administração do cemitério ainda não foi
discutida. "Talvez fique a cargo da
própria Francana. Com isso, a prefeitura não teria nenhum gasto."
Uma outra idéia da diretoria da
Francana para arrecadar dinheiro
era o acréscimo de R$ 2 no IPTU
(Imposto Predial e Territorial Urbano) de cada contribuinte. Mas a
medida não foi aceita pela Prefeitura de Franca.
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