Ribeirão Preto, Terça, 10 de novembro de 1998

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FUTEBOL
Clube vai usar um terreno próprio para ampliar um cemitério
Crise leva Francana a vender túmulos

PAULO FERRARI VIARTI
free-lance para a Folha

A Francana encontrou uma saída inusitada para saldar sua dívida -estimada em R$ 517 mil-, sair da crise e começar vida nova no próximo ano. O clube quer ampliar o cemitério da Saudade, em Franca, usando um terreno de sua propriedade que abrigou o estádio de futebol nos anos 60.
Com as sepulturas, a Francana, que disputa a segunda divisão do Paulista, espera arrecadar R$ 600 mil na primeira etapa do projeto.
"Se o terreno fosse aproveitado para a construção de túmulos, resolveria o problema financeiro da Francana e da própria prefeitura, que procura soluções para a falta de cemitérios", disse o conselheiro do clube e idealizador do projeto, Wagner Garcia Silva Júnior.
O terreno tem 10 mil metros quadrados, vale cerca de R$ 2 milhões e está localizado na rua Simão Caleiro, no centro de Franca, ao lado do clube recreativo da Francana e em frente ao cemitério.
Segundo o conselheiro, se o clube vendesse o terreno, não conseguiria um valor alto e também não seria viável a construção de uma área residencial no local.
"Na primeira etapa, venderíamos cem lotes, ao preço de R$ 6 mil cada, aproximadamente. Depois, de acordo com a procura, venderíamos outros 200 lotes. O terreno deve ser dividido em 930 lotes", disse Garcia.
No final do empreendimento, a Francana pretende arrecadar de R$ 8 milhões a R$ 10 milhões.
Na década de 60, o terreno era a sede do estádio Coronel Nhô Chico, onde a Francana mandava todas suas partidas.
O prefeito de Franca, Gilmar Dominici (PT), aprovou a idéia e está aguardando um projeto oficial da Francana. "Por enquanto só recebemos um esboço, mas para o projeto ser aprovado deve respeitar as normas da Vigilância Sanitária e da Secretaria do Planejamento", disse Dominici ontem.
Segundo o prefeito, por se tratar de um terreno privado, basta o aval da prefeitura para autorizar o funcionamento do cemitério, sem a necessidade de tramitar pela Câmara da cidade.
"A única exigência que vamos fazer diz respeito à manutenção da entrada original do antigo estádio, pois é um patrimônio histórico de Franca", afirmou o prefeito.
Segundo Dominici, a administração do cemitério ainda não foi discutida. "Talvez fique a cargo da própria Francana. Com isso, a prefeitura não teria nenhum gasto."
Uma outra idéia da diretoria da Francana para arrecadar dinheiro era o acréscimo de R$ 2 no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) de cada contribuinte. Mas a medida não foi aceita pela Prefeitura de Franca.



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