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Ribeirão decide abrir creches nas férias
Decisão de Dárcy Vera contraria tese defendida pela secretária da Educação, que disse que local não é "depósito de crianças"
Anúncio foi feito antes de a Justiça decidir sobre ação na qual a Defensoria pede a abertura de creches e pré-escolas durante todo o ano
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
A Prefeitura de Ribeirão decidiu que vai abrir as creches e a
pré-escola durante os períodos
de férias e de recesso escolar a
partir do próximo dia 28.
O anúncio, feito ontem de
manhã pela prefeita Dárcy Vera (DEM), contraria o que sempre defendeu a secretária da
Educação, Débora Vendramini.
À Folha, a secretária chegou a
dizer que unidades infantis não
poderiam ser tratadas como
"depósito de crianças".
O comunicado feito pela prefeita ontem ocorreu antes que
o juiz Paulo César Gentile, da
Vara da Infância e Juventude,
decidisse sobre a ação na qual a
Defensoria Pública do Estado
pede a abertura das creches e
pré-escolas o ano todo. Em liminar, o TJ (Tribunal de Justiça) já havia decidido a favor da
Defensoria. A Folha não conseguiu ouvir o juiz nem o defensor Victor Hugo Albernaz
para checar se houve decisão.
Segundo Dárcy, a estimativa
é que 500 novos funcionários,
incluindo merendeiras, tenham que ser contratados em
caráter emergencial. Para isso,
serão chamados candidatos
aprovados em processos seletivos já realizados.
O servidor que quiser trabalhar durante as férias terá o direito de receber da prefeitura
pelos dias trabalhados, segundo Vendramini. A pasta estima
que o custo da "operação férias" seja de R$ 6 milhões.
À tarde, na escola Carmem
Massarotto, no Campos Elíseos, nenhum pai ou responsável pelas crianças havia sido
avisado da decisão da prefeita.
A Secretaria da Educação informou que os pais seriam comunicados a partir de hoje.
Avisada da mudança pela
Folha, a esteticista Cristiane
Amador, 35, mãe da aluna Julia
Amador Lima, 5, disse não concordar com a decisão. "É desgastante para a criança, que já
passa o ano na escola", disse.
Para Ana Paula Soares da Silva, pesquisadora do Centro de
Integração sobre Desenvolvimento Humano e Educação Infantil da USP de Ribeirão, a decisão da prefeita foi pautada
por critérios da assistência social e não da educação. "Os períodos de recesso e férias escolares são importantíssimos para a formação de pessoal. A decisão é um retrocesso do ponto
de vista da educação."
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