Ribeirão Preto, Quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2009

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Cupins atacam tela sacra de Portinari em Batatais

A obra "A Sagrada Família" integra acervo em exposição na Matriz do município

A igreja do Senhor Bom Jesus da Cana Verde abriga 23 quadros de Candido Portinari, sendo 21 deles com temas religiosos

Silva Junior/Folha Imagem
Tela "A Sagrada Família", de Portinari, exposta na Matriz de Batatais e que foi atingida por cupins

ALAN DE FARIA
ENVIADO ESPECIAL A BATATAIS

O quadro "A Sagrada Família", de autoria de Candido Portinari, exposto na igreja do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, em Batatais, foi atacado por cupins. A obra, de 1951, pertence ao conjunto de trabalhos sacros do pintor e é avaliada em US$ 4,5 milhões.
Foram constatados excrementos de cupins no canto inferior esquerdo da tela há cerca de um mês, segundo Antonio Otávio Squarize, guia cultural da igreja. Vistorias nas obras são feitas a cada 90 dias.
A igreja do Senhor Bom Jesus da Cana Verde abriga 23 quadros de Portinari, sendo 21 com temas religiosos -trata-se do maior acervo sacro do pintor reunido num só lugar.
O local, um dos cartões-postais da cidade, que é estância turística, recebe, em média, 3.000 pessoas por mês.
O secretário de Esporte e Turismo de Batatais, Antonio Carlos Correa, afirmou que as primeiras medidas para iniciar o reparo de "A Sagrada Família" já foram tomadas.
"Contatamos três empresas credenciadas e especializadas em restauro para nos apresentar o orçamento de todo o trabalho. Feito isso, vamos encaminhar os relatórios para o Condephaat [Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico] e para o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] para que esses órgãos autorizem o início do restauro", afirmou Correa, que diz acreditar que em 60 dias a obra estará em bom estado.
Além de "A Sagrada Família", outro quadro de grande valor de Portinari exposto na igreja é "Jesus e os Apóstolos", avaliado em US$ 6 milhões. Esta obra não foi atingida.
De acordo com o professor de história da arte da ECA (Escola de Comunicações e Arte) da USP (Universidade de São Paulo), Tadeu Chiarelli, ataques de cupins são recorrentes em quadros expostos fora de museus. "Para evitar esses problemas, as obras precisam estar expostas em locais com condições ideais de iluminação, temperatura, umidade e higienização", disse o professor.
No caso das obras de Portinari em Batatais, Chiarelli aponta um agravante. "A igreja está em uma região úmida, o que aumenta as chances de infestação dos cupins", apontou.
No mesmo local, duas obras do artista Mozart Pelá também foram atacadas por cupins. Ambos os trabalhos datam de 1963 e não têm avaliação no mercado.


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