Ribeirão Preto, Segunda, 12 de abril de 1999

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VIOLÊNCIA
Duas crianças e um adolescente são assassinados após passeio a rancho na região; polícia não tem pistas
Chacina deixa 3 mortos em Jaboticabal

LUCIANA CAVALINI
enviada especial a Jaboticabal

Duas crianças e um adolescente foram assassinados no fim-de-semana em Jaboticabal. Os três corpos foram encontrados ontem num canavial na cidade.
Thales Bento Ferreira, 10, Fábio Henrique Haneico, 18, e Belício Nunes dos Reis Júnior, 12, estavam desaparecidos desde anteontem à tarde. Até ontem à noite, a polícia não tinha pistas da autoria dos homicídios nem hipóteses sobre o motivo dos crimes.
No sábado, eles tinham ido fazer um passeio de bicicleta ao distrito de Córrego Rico, onde a família de Thales -proprietária de uma rede de sorveterias na região- possui um rancho.
Por volta das 17h de anteontem, Thales conseguiu falar com seus pais pelo telefone celular. O menino disse que ele e seus amigos estavam perdidos em uma plantação de amendoim, mas achavam que poderiam retornar para casa.
A família foi então à procura dos três, mas não conseguiu encontrá-los. As buscas ocorreram até as 4h30 de ontem, sem sucesso.
"Logo depois da ligação de Thales, o pai dele saiu de moto e eu peguei meu carro para procurar os três", disse Manoel Bento Ferreira, avô de Thales. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 20h de anteontem e também realizou buscas durante a madrugada.
Os corpos só foram localizados após vôos de ultraleve, feitos pelo empresário Anselmo Bellodi.
Os três foram achados dentro de um equipamento agrícola num canavial próximo à rodovia Carlos Tonani, por volta das 12h30.
Cada um deles tinha três tiros: no peito, na cabeça e no ouvido. As bicicletas estavam ao lado dos corpos. O único objeto do qual a família sentiu falta foi o celular que estava com Thales.

Violência
Com as do fim-de-semana, Jaboticabal -cidade com 65 mil habitantes- registra cinco mortes violentas neste ano. Em todo o ano passado, foram seis.
Até o ano passado, a cidade raramente registrava casos de violência. Jaboticabal chegou a ficar seis meses sem um registro de roubo, segundo a polícia.
"Roubo e homicídio eram coisas raras aqui. De dois meses para cá, a violência ocorre com mais frequência na cidade", disse o delegado Osvaldo José da Silva.
O crime chocou os moradores. Ontem à tarde, pessoas que nem conheciam as famílias dos garotos foram até o cemitério aguardar a liberação dos corpos.
"Vim em sinal de solidariedade com as famílias. Tenho filhos pequenos e o mesmo poderia acontecer com eles. Só de pensar, fico apavorada", disse a professora Luiza Teresinha Olita.
"A situação é muito grave e deixa a população alarmada. Mas considero os homicídios dos garotos um caso isolado", afirma o delegado Adelson Taroco.


Colaborou Luís Eblak, editor-assistente da Folha Ribeirão



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