Ribeirão Preto, Sexta-feira, 12 de Novembro de 2010

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Em Ribeirão, 1 em cada 7 está no SCPC

Levantamento inédito aponta que 13,9% da população está inadimplente e não pode fazer compras a prazo

Total das dívidas no comércio local alcança R$ 126,3 milhões; a maioria dos devedores tem de 30 a 50 anos

Silva Júnior/Folhapress
A auxiliar de produção Magda de Oliveira Silva sai do posto do SCPC, no centro de Ribeirão

VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Um em cada sete ribeirão-pretanos está com o "nome sujo" no SCPC (Serviço Central de Proteção ao Central) por acumular dívidas no comércio local. Juntos, eles devem R$ 126,3 milhões, valor referente a 148.919 contas que não foram pagas.
Os números fazem parte de um levantamento inédito divulgado pela ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) ontem, que aponta ainda que a maioria dos devedores está na faixa etária entre 30 e 50 anos, com débitos que variam de R$ 100 a R$ 1.000.
Segundo o levantamento, o valor médio de cada dívida é de R$ 848. O estudo ainda aponta que a maioria dos devedores tem apenas um registro no SCPC.
"São números preocupantes, muito altos. Esse dinheiro deveria girar na roda da economia, mas está praticamente perdido", disse a professora de economia da Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto) Leny Fátima Salles Paschoal.
Segundo ela, o aumento do número de inadimplentes força o efeito da inclusão de outros nomes no SCPC, geralmente o de parentes e amigos, que emprestam o CPF (Cadastro de Pessoa Física) para que os devedores possam fazer compras.
O percentual de inadimplentes tem crescido mês a mês em Ribeirão. Em setembro, 13,64% da população estava com o "nome sujo". Em outubro, o índice subiu para 13,89% e, nas duas primeiras semanas de novembro, alcançou 13,97%. Com a proximidade das festas de fim de ano, a tendência é de aumento do percentual.
Para a coordenadora do SCPC, Elizabeth Paez, o número de devedores em Ribeirão é alto, assim como o de dívidas. "Apesar do sentimento de maior controle sobre as finanças, infelizmente, a maioria das pessoas ainda não tem esse controle."
A auxiliar de produção Magda de Oliveira Silva, 34, contou que está com o nome no SCPC desde 2007, quando ficou desempregada e não conseguiu pagar uma compra de R$ 280 feita em uma loja de fotografias.
"Vou usar o 13º salário e as férias para pagar essa conta e, então, tentar financiar minha casa", disse.
A empregada doméstica Valéria Aparecida dos Reis, 42, disse que sua inclusão no SCPC ocorreu por causa de dois débitos que somam R$ 105. "Uma das contas foi a cobrança de uma locadora de vídeos, porque não devolvi uma fita que perdi."
Quem tem o nome incluído no cadastro do SCPC fica impedido de fazer compras a prazo, pedir financiamentos e retirar o CPF.


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