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Defesa vai tentar anular o julgamento
"Qual é o médico que tem a intenção de matar sua paciente?", questiona Heráclito Mossin, advogado do ex-ginecologista
Advogado classifica a acusação de "monstro jurídico", no julgamento que durou 16 horas no Fórum de Ribeirão Preto
DA FOLHA RIBEIRÃO
O advogado de Vanderson
Bullamah, Heráclito Mossin,
disse que pedirá a anulação do
julgamento que condenou o ex-ginecologista a 18 anos de prisão. Bullamah foi condenado
pelo crime de homicídio doloso
eventual para o qual, afirma o
advogado, não há provas.
Dolo eventual significa que o
ex-ginecologista sabia dos riscos que corria e, mesmo assim,
operou a estudante.
Durante o julgamento, Mossin classificou a acusação como
um "monstro jurídico", "uma
aberração". "Qual é o médico
que tem a intenção de matar
sua paciente? Onde está a prova disso? Ela não existe", disse.
O promotor do caso, Luis
Henrique Pacini Costa, que se
referiu a Bullamah como
"monstro médico", respondeu
aos jurados que o dolo deveria
ser considerado pelo "conjunto
da obra". Duas outras pacientes
de Bullamah haviam morrido
antes de Helen. "A motivação
dele era encher o bolso de dinheiro", afirmou.
Aos 57 anos, Bullamah, formado pela FMRP (Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto)
contabilizava 800 cirurgias
plásticas e mais de 700 partos.
A carreira de médico foi interrompida definitivamente
em 2002, quando o Cremesp
(Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) votou pela cassação de seu registro profissional, decisão ratificada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).
Sobre o episódio, Bullamah
disse enfaticamente anteontem, durante seu interrogatório, que ela foi "política". "Minha cassação foi política, o relator sequer analisou as provas",
afirmou. "Mas a medicina foi
boa. Foi bom", disse.
Para Bullamah, foi Isac Jorge
Filho, atual conselheiro estadual do Cremesp, quem articulou politicamente para interromper sua carreira. "Ele era
um desafeto meu", disse. Procurado pela Folha, Isac Filho
disse que nunca participou "de
nenhuma audiência ou julgamento dele". "É uma norma.
Quando é da mesma cidade, a
gente não participa", disse.
Dois advogados de Bullamah
tentam reverter a decisão do
CFM no Tribunal Regional Federal. Há cerca de um ano, após
formar-se em nutrição pela
Unip, Bullamah passou a atender
em clínica na avenida Independência, em Ribeirão.
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