Ribeirão Preto, Sábado, 12 de Dezembro de 2009

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Defesa vai tentar anular o julgamento

"Qual é o médico que tem a intenção de matar sua paciente?", questiona Heráclito Mossin, advogado do ex-ginecologista

Advogado classifica a acusação de "monstro jurídico", no julgamento que durou 16 horas no Fórum de Ribeirão Preto


DA FOLHA RIBEIRÃO

O advogado de Vanderson Bullamah, Heráclito Mossin, disse que pedirá a anulação do julgamento que condenou o ex-ginecologista a 18 anos de prisão. Bullamah foi condenado pelo crime de homicídio doloso eventual para o qual, afirma o advogado, não há provas.
Dolo eventual significa que o ex-ginecologista sabia dos riscos que corria e, mesmo assim, operou a estudante.
Durante o julgamento, Mossin classificou a acusação como um "monstro jurídico", "uma aberração". "Qual é o médico que tem a intenção de matar sua paciente? Onde está a prova disso? Ela não existe", disse.
O promotor do caso, Luis Henrique Pacini Costa, que se referiu a Bullamah como "monstro médico", respondeu aos jurados que o dolo deveria ser considerado pelo "conjunto da obra". Duas outras pacientes de Bullamah haviam morrido antes de Helen. "A motivação dele era encher o bolso de dinheiro", afirmou.
Aos 57 anos, Bullamah, formado pela FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) contabilizava 800 cirurgias plásticas e mais de 700 partos.
A carreira de médico foi interrompida definitivamente em 2002, quando o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) votou pela cassação de seu registro profissional, decisão ratificada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).
Sobre o episódio, Bullamah disse enfaticamente anteontem, durante seu interrogatório, que ela foi "política". "Minha cassação foi política, o relator sequer analisou as provas", afirmou. "Mas a medicina foi boa. Foi bom", disse.
Para Bullamah, foi Isac Jorge Filho, atual conselheiro estadual do Cremesp, quem articulou politicamente para interromper sua carreira. "Ele era um desafeto meu", disse. Procurado pela Folha, Isac Filho disse que nunca participou "de nenhuma audiência ou julgamento dele". "É uma norma. Quando é da mesma cidade, a gente não participa", disse.
Dois advogados de Bullamah tentam reverter a decisão do CFM no Tribunal Regional Federal. Há cerca de um ano, após formar-se em nutrição pela Unip, Bullamah passou a atender em clínica na avenida Independência, em Ribeirão.


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